16/09/2015

Células do câncer podem assumir características de células-tronco

Com informações da Agência Fapesp

Oncogênese

Pesquisadores do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo) publicaram em revistas internacionais os resultados de um estudo que revelou como um grupo de genes humanos atua em tumores malignos, dando às células tumorais propriedades semelhantes às de células-tronco.

A maior versatilidade conferida à célula tumoral deixa-a mais agressiva e resistente ao tratamento. Por outro lado, seu comportamento transforma-a em um alvo ideal para a ação de medicamentos, que poderão ser desenvolvidos com esta finalidade.

Os experimentos estão sendo feitos com células de meduloblastoma, o tipo de câncer cerebral mais comum em crianças.

"Esses genes, quando expressos, não são simples marcadores de um pior prognóstico. Eles contribuem ativamente para a agressividade tumoral. São, portanto, alvos terapêuticos a serem explorados", afirmou o professor Oswaldo Keith Okamoto.

Células-tronco tumorais

O grupo coordenado por Okamoto tem-se dedicado a investigar o papel de quatro genes que codificam fatores relacionados à pluripotência: OCT4, L1TD1, LIN28 e miR-367. Esses quatro genes deveriam estar predominantemente expressos em células-tronco embrionárias existentes na primeira semana após a fecundação, sendo importantes para essa etapa do desenvolvimento.

No entanto, as análises revelaram que esses mesmos genes frequentemente encontram-se expressos em amostras de meduloblastoma, conferindo às células tumorais algumas propriedades de células-tronco, como alta capacidade de autorrenovação (gerar novas células-tronco semelhantes) e de disseminação pelo corpo, aumentando o risco de metástase.

Segundo Okamoto, ainda não se sabe como essas células-tronco tumorais surgem. Existe a possibilidade de elas serem resultado da transformação maligna de uma célula-tronco normal. Outra hipótese é a de que uma célula já maligna ganhe novas alterações genéticas que lhe conferem características típicas de célula-tronco.

A boa notícia é que os primeiros experimentos com a inibição dos quatro genes, um por um, mostraram uma redução significativa do potencial do tumor, abrindo o caminho para o desenvolvimento de ações medicamentosas que possam inibir o surgimento e a ação das células-tronco tumorais.

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