Nanoveículo magnético
Imagine um minúsculo veículo, um nanocarro, um milhão de vezes menor do que um milímetro, equipado com uma estrutura magnética que permita que ele seja controlado e dirigido externamente, por meio de campos magnéticos.
Agora imagine que possamos inserir esse nanocarro no corpo humano e então guiá-lo para o local exato onde um medicamento precisa ser liberado, ou células precisem ser capturadas para exame, ou mesmo tumores precisem ser eliminados.
Inúmeros cientistas ao redor do mundo estão trabalhando nessa ideia ousada, inspirada na ficção científica, sendo que o passo mais recente para transformar a ideia em realidade acaba de ser dado por uma equipe da Universidade do País Basco (Espanha).
Em vez de construir um robô inteiro, a equipe está explorando o uso de bactérias magnéticas, conhecidas como bactérias magnetotáticas - esses microrganismos têm a incrível capacidade de formar nanopartículas magnéticas de óxido de ferro dentro de suas células.
As partículas magnéticas medem cerca de 50 nanômetros de diâmetro (100 vezes menores do que as células do sangue) e ficam dispostas dentro da bactéria na forma de uma longa cadeia, que então funciona como a agulha de uma bússola. Isso permite que a bactéria seja orientada na direção desejada apenas controlando-a por meio de eletroímãs.
A vantagem é que a bactéria inteira é biocompatível, não causa doenças aos seres humanos e já está pronta, bastando então adicionar uma "carga útil", como moléculas de medicamentos.
Bactéria funcionando como robô
A ideia da equipe espanhola é usar as bactérias magnéticas como veículos para tratar o câncer, por meio de uma técnica conhecida como hipertermia magnética, ou para liberar medicamentos.
Para isso, as bactérias serão direcionadas para o local a ser tratado e aquecidas por campos externos. No caso da hipertermia magnética, as partículas magnéticas se aquecem, podendo queimar células cancerígenas; para liberar medicamentos, o calor ou outro estímulo externo podem ser usados para quebrar as ligações da carga útil com a superfície da célula bacteriana.
Atualmente, os pesquisadores estão trabalhando no controle da mobilidade das bactérias por meio de campos magnéticos externos, para direcioná-las a um tumor e ativá-las, também por meio de campos magnéticos, para que desempenhem a função desejada.
Mas ainda falta muito para que essa opção chegue às clínicas: No momento, a obtenção de imagens magnéticas de nanopartículas dentro de uma célula biológica, com resolução suficiente, só é possível em grandes instalações de radiação síncrotron.
"No entanto, no futuro, com o desenvolvimento de fontes compactas de raios X de plasma, esse método pode se tornar uma técnica padrão de laboratório," disse o professor Sergio Valencia, membro da equipe.
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