Terapias com células-tronco
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) descobriram que duas das terapias com células-tronco administradas com mais frequência, ambas vendidas com finalidades semelhantes e por isso usadas de forma intercambiável, na verdade contêm tipos de células completamente diferentes.
Os resultados desafiam o atual paradigma "uma célula cura tudo" na terapêutica ortopédica com células-tronco e destacam a necessidade de uma caracterização mais informada e rigorosa das terapias com células-tronco injetáveis, antes que elas sejam comercializadas para uso em pacientes.
Os pesquisadores analisaram populações de células de concentrado autólogo de aspirado da medula óssea (CAMO) e fração vascular estromal derivada de tecido adiposo (FVEDTA) coletadas dos mesmos indivíduos. Estas duas terapias têm muitas semelhanças: Ambas são terapias injetáveis derivadas das próprias células do paciente - medula óssea no CAMO e tecido adiposo (gordura) no FVEDTA - e acredita-se que ambas contenham células-tronco mesenquimais/estromais, células que podem diferenciar-se em músculos, ossos e outros tecidos conjuntivos.
Devido às suas semelhanças, as duas terapias são frequentemente comercializadas como "terapias com células-tronco" intercambiáveis e são usadas para tratar uma série de doenças músculo-esqueléticas e de pele, especialmente em atletas profissionais.
No entanto, poucas pesquisas até hoje tentaram caracterizar a composição e a biologia subjacente destas duas terapias. Esta falta de informação impediu investigações clínicas rigorosas sobre as dosagens ideais para estas terapias e, segundo os pesquisadores, incentivou a desinformação na comercialização dos tratamentos na indústria de células-tronco, avaliada em 11,9 bilhões de dólares.
Não tem o que promete
Para preencher esta lacuna, os pesquisadores analisaram 62 populações de células CAMO e 57 populações de FVEDTA para criar um atlas celular que detalha que tipos de células estão presentes em cada terapia, que genes estão ativos nestas células e que proteínas estão presentes.
O atlas revelou que as concentrações de células-tronco mesenquimais nas formulações de CAMO eram extremamente baixas e que, em geral, não havia tipos de "células-tronco" comparáveis em ambas as terapias.
Na verdade, os dois tratamentos tinham composições muito diferentes; O CAMO era composto principalmente por glóbulos vermelhos e brancos, e o FVEDTA era composto principalmente por células do tecido conjuntivo. Além disso, muitas proteínas associadas à função regenerativa estavam ausentes ou encontradas em concentrações extremamente baixas em ambas as terapias, colocando em causa os seus mecanismos de ação e eficácia global.
Além de fornecer um rico recurso para os pesquisadores, as descobertas sugerem que os ingredientes ativos nas terapias biológicas como CAMO e FVEDTA precisam ser definidos de forma mais completa. Também sugerem que o campo como um todo deveria avançar em direção a terapias celulares mais padronizadas, nas quais as doses clinicamente necessárias das concentrações celulares e proteicas tenham sido cuidadosamente quantificadas.
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