Vacina contra dengue
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP estão explorando abordagens inovadoras em busca de vacinas eficazes contra a dengue e zika.
No caso da dengue, está sendo desenvolvida uma "vacina de subunidade", uma técnica que consiste em usar partes específicas do vírus para desencadear a resposta imune. Nesse caso, a subunidade escolhida foi a proteína viral NS1, já usada em testes diagnósticos e em outras formulações vacinais.
A NS1 do vírus da dengue foi guiada especificamente para as células dendríticas (também conhecidas como células apresentadoras de antígeno), que são potentes ativadoras do sistema imunológico. Outra inovação é a aplicação pela via transcutânea, feita por meio de adesivos contendo antígenos do patógeno.
"A estratégia de direcionar as proteínas para as células dendríticas fez com que a resposta de anticorpos anti-NS1 fosse potencializada nos camundongos imunizados e mantida por mais tempo nas amostras de sangue," contou o pesquisador Lennon Pereira.
Os resultados apontaram uma melhora da resposta imune sem que houvesse efeitos colaterais. "Além disso, as formulações desenvolvidas, principalmente quando administradas pela via intradérmica, evitaram a produção de anticorpos com potencial de causar danos teciduais, aumentando a segurança do imunizante," acrescentou Lennon.
Vacina contra zika
A vacina contra o vírus zika que está em desenvolvimento pela equipe é do tipo genética, com a vantagem de também poder ser adaptada para o combate à dengue.
"De forma inédita, desenvolvemos uma vacina de DNA baseada na sequência da proteína NS1 do zika fusionada geneticamente a outra proteína viral [a glicoproteína D do vírus herpes simples tipo 1], com potencial para ativar o sistema imunológico. Essa estratégia foi capaz de aumentar a resposta imunológica e dobrar a proteção contra a infecção pelo vírus zika em animais imunizados. Além disso, a tecnologia é plenamente adaptável para outras doenças," contou Lennon.
Finalmente, os pesquisadores demonstraram que a vacina transcutânea que utiliza o vírus da dengue como antígeno alcançou uma eficácia de proteção entre 80% e 100% nos testes com camundongos.
"A pele é um órgão imunologicamente ativo, ou seja, é capaz de responder a uma infecção tão bem quanto o tecido intramuscular, local onde as vacinas geralmente são injetadas," explicou Robert Santos, membro da equipe.
Segundo ele, trata-se de uma técnica promissora para diminuir o défice vacinal entre pessoas que se recusam a receber vacinas por meio de injeções com agulhas, além de reduzir custos relacionados com a aquisição de insumos, como seringas e agulhas.
A equipe agora trabalha para que os testes possam prosseguir rumo aos ensaios clínicos em seres humanos.
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