Quem você é? Até quando?
Quão distante no futuro você está de si mesmo? Ou, em outras palavras, o quanto o futuro pode avançar e você ainda continuar sentindo que aquele você do futuro é mesmo você de hoje?
A pergunta pode parecer estranha, mas o fato é que "quem você é", ou quem você acha que você é, não é algo simples de se definir.
Ocorre que compreender o seu eu presente não depende apenas dos pensamentos, sentimentos e atividades, mas também das experiências e recordações do passado, além da visão de si mesmo no futuro.
Em outras palavras, quem você é depende de onde você tem estado e para onde você está indo.
Joshua Rutt (Universidade de Zurique) e Corinna Loeckenhoff (Universidade de Cornell) entraram nesse emaranhado de conceitos filosóficos ao explorar a forma como as pessoas veem a si mesmas ao longo de diferentes períodos de tempo. E descobriram que há diferenças significativas na percepção que as pessoas têm de si mesmas e no grau em que essas percepções mudam ao longo do tempo.
Eu passado e eu futuro
A dupla perguntou aos voluntários o quanto os seus eus atuais se sobrepunham com o seus eus no passado e com seus esperados eus futuros e se os mesmos traços de personalidade poderiam descrevê-los no passado, no presente e no futuro. Os intervalos de tempo considerados variavam de 1 mês a 10 anos.
"Nós extraímos duas medidas diferentes," explica Rutt. "Uma delas foi a extensão na qual seus traços de personalidade passados e futuros concordam com seus eus atuais, e a outra era simplesmente um tempo de reação: quão rápido eles pressionavam o botão para responder a pergunta? Por quanto tempo eles tinham que pensar sobre a resposta?"
O que emergiu das respostas é que a continuidade passada e futura de si mesmo é simétrica, isto é, pessoas que se sentem mais semelhantes ao que eram no passado também são mais conectadas ao seu futuro.
No gearl, para a maioria das pessoas, o senso de conexão com seus eus passados e futuros diminui com o aumento da distância do presente. Na verdade, quando estamos pensando sobre nós mesmos no passado ou no futuro distantes, é quase como se estivéssemos pensando em uma pessoa diferente.
Desaparecimento do eu
Os dados mostram que o senso de autocontinuidade - seu eu do passado sendo o mesmo no presente e assim continuando rumo ao futuro - diminui rapidamente quando se pensa em alguns poucos meses para o passado ou para o futuro, e continua a cair - embora de forma mais gradual - para intervalos ainda mais longos.
A conclusão dos pesquisadores é que nós nos vemos emergindo gradualmente do passado e, em seguida, lentamente desaparecendo no futuro. Aquele sujeito projetado lá no futuro muito distante, que usará nossa mesma certidão de nascimento como sendo dele, nos parece quase um estranho.
"De um ponto de vista objetivo, o presente se transforma em futuro em um instante," disse Loeckenhoff. "Há o passado e o futuro, mas o presente não está realmente lá. Mas, de um ponto de vista subjetivo, há um presente prolongado, e nós estamos sentados nele como se ele fosse uma sela." Assim, não dá para enxergar muito longe para tentar nos ver no futuro distante.
O estudo foi publicado na revista Psychology and Aging.
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