Criatividade
Para diagnosticar com alta precisão lesões nas retinas das crianças com microcefalia, é necessário utilizar um aparelho de tomografia de coerência óptica (OCT).
Diversos estudos já demonstraram a relação entre a infecção pelo vírus zika e distúrbios graves nos olhos dos bebês, que podem ser observados com um exame de fundo de olho, um exame rápido e indolor.
A dificuldade é fazer os bebês ficarem quietos o tempo suficiente para a realização do exame.
"Conseguimos isso por meio de uma técnica especial," conta o oftalmologista Maurício Maia, professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A "técnica especial" consiste em envolver as crianças em lençóis. "Nós desenvolvemos uma solução bem simples e barata, envolvendo essas crianças em roupas, em um lençol mais apertado, sem precisar fazer qualquer sedação. A braçadeira do equipamento também faz com que as crianças fiquem em uma posição específica, quieta, em que o laser é capaz de entrar no olho e dar essa imagem para a gente," acrescentou Maurício.
Zika e lesões oculares
Para avaliar a técnica, a equipe avaliou oito crianças com idades entre três e cinco meses.
Sete delas foram submetidas a uma análise para o vírus zika e apresentaram resultados positivos para os anticorpos IgM, que são produzidos na fase aguda da infecção pelo vírus. Dos 16 olhos analisados, 11 (ou 69% do total) apresentaram alteração da retina.
"Essas crianças vão precisar de reabilitação para o resto da vida. O tipo de reabilitação que vamos fazer é diretamente proporcional ao tipo de lesão que a gente encontra com o OCT. Esse é um estudo extremamente importante porque vai dar a diretriz para o oftalmologista de como planejar a reabilitação visual da criança e que tipo de equipamento usar tal - óculos normal, lupa de aumento ou um óculos prismático," afirmou o médico.
O estudo foi publicado na revista Jama Ophthalmology.
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