06/07/2022

Taurina mostra efeitos positivos contra o envelhecimento

Com informações da Agência Fapesp
Taurina mostra efeitos positivos contra o envelhecimento
Suplementar a dieta com taurina pode reforçar as defesas antioxidantes do organismo e possivelmente diminuir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.
[Imagem: Vachagan Malkhasyan/Pixabay]

Taurina contra envelhecimento

Ao processar o oxigênio que respiramos e os alimentos que ingerimos diariamente para sobreviver, nossas células geram subprodutos potencialmente tóxicos, as espécies reativas de oxigênio, popularmente chamadas de "radicais livres".

Essas moléculas desempenham funções essenciais para o organismo, incluindo nos proteger contra o câncer. Mas, quando em excesso, elas podem danificar as estruturas internas das células, prejudicando seu funcionamento e favorecendo o surgimento de doenças crônicas. Esse processo é conhecido como estresse oxidativo - mesmo o estresse oxidativo pode ser benéfico, através dos esportes, por exemplo.

Nosso corpo conta com um verdadeiro arsenal de enzimas antioxidantes que ajudam a manter as espécies reativas de oxigênio em condição de equilíbrio. Porém, à medida que envelhecemos, esses mecanismos de controle vão ficando menos eficientes.

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) demonstraram agora que suplementar a dieta com o aminoácido taurina pode ser uma estratégia nutricional viável para contornar esse problema.

A taurina é um nutriente encontrado em alimentos como peixe, frango, peru, carne vermelha e frutos do mar. Também é naturalmente produzida em alguns tecidos do corpo humano, com destaque para o fígado, sendo importante para o funcionamento do sistema nervoso central, da imunidade, da visão e da fertilidade.

Efeitos em bioindicadores

A pesquisa envolveu 24 voluntárias, entre 55 e 70 anos de idade, aleatoriamente divididas em dois grupos: Metade consumiu três cápsulas diárias com 500 miligramas de taurina cada (1,5 grama por dia) durante 16 semanas. As demais ingeriram apenas cápsulas contendo amido de milho (placebo). Nem as participantes ou os pesquisadores sabiam a que grupo cada uma pertencia.

Um dos resultados mais interessantes foi o aumento de quase 20% na concentração da enzima superóxido dismutase (SOD) no grupo que recebeu taurina, enquanto no grupo-controle essa enzima diminuiu 3,5% - a SOD protege a célula das reações danosas do radical superóxido.

"Ao evitar o acúmulo de radicais livres que naturalmente ocorre com o avanço da idade, provavelmente estaremos prevenindo doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão, entre outras condições crônicas," avaliou a professora Ellen de Freitas, coordenadora do projeto.

Resultado tímido

Segundo a equipe, na literatura científica há pouquíssimos trabalhos sobre o efeito da taurina no contexto do envelhecimento. "Este é um estudo bem inicial, que teve como objetivo investigar a dose ideal e possíveis efeitos colaterais - que não foram observados em nenhuma das participantes."

Além da SOD, foram analisados outros dois marcadores de estresse oxidativo: a enzima antioxidante glutationa redutase (GR), que diminuiu significativamente nos dois grupos, e um biomarcador de estresse oxidativo chamado malondialdeído (MDA), que aumentou 23% no grupo-controle e diminuiu 4% em média nas mulheres que tomaram taurina.

"É um resultado tímido, mas acreditamos que pode se tornar bem mais significativo com uma dose maior de taurina," avaliou Ellen - vale lembrar que os cardiologistas alertam para os riscos das bebidas energéticas, quase todas ricas em taurina.

A próxima etapa consistirá em confirmar os efeitos da ingestão da taurina em um grupo maior de participantes e, eventualmente, determinar doses eficazes e seguras.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Taurine as a possible antiaging therapy: A controlled clinical trial on taurine antioxidant activity in women ages 55 to 70
Autores: Gabriela Ferreira Abud, Flavia Giolo De Carvalho, Gabriela Batitucci, Sofia Germano Travieso, Carlos Roberto Bueno Junior, Fernando Barbosa Junior, Julio Sergio Marchini, Ellen Cristini de Freitas
Publicação: Nutrition
Vol.: 101, 111706
DOI: 10.1016/j.nut.2022.111706
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