Violência contra os policiais
A 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública trouxe um dado impressionante sobre o risco de morte entre policiais: 75% das fatalidades ocorreram quando os policiais estavam fora de serviço, e não durante operações de combate à criminalidade.
E essa violência tem efeitos psicológicos graves: Em 2018, 104 policiais cometeram suicídio.
Este é outro dado que impressiona: o número de suicídios entre policiais é maior do que o número de policiais mortos durante operações de confronto com o crime.
"No senso comum, o grande temor é o risco da violência praticada por terceiros, mas na verdade o suicídio está atingido gravemente os policiais e [o assunto] não está sendo discutido e enfrentado de forma global," destacou Cristina Neme, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que edita o anuário.
"É um problema muito maior, que muitas vezes é silenciado. São os fatores de risco da profissão que levam ao estresse ocupacional. Eles passam por dificuldades que outras pessoas podem ter, mas que, no caso do policial, esses problemas, quando associados ao estresse psicológico da profissão e do acesso à arma, pode facilitar esse tipo de ocorrência," lamenta a pesquisadora.
Violência dos policiais
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública registra que houve queda de 10,43% de mortes violentas intencionais em 2018. Mas, apesar da queda, verificou-se um crescimento de 19,6% no número de mortes decorrentes de intervenções policiais.
A ação da polícia foi responsável por 11 de cada 100 mortes violentas intencionais no ano passado, quando 6.220 pessoas morreram após intervenção policial - uma média de 17 pessoas mortas por dia.
O perfil das vítimas repete a situação encontrada em outros anuários: 99,3% eram homens, quase 78% tinham entre 15 e 29 anos, e 75,4% eram negros.
Para Cristina, os números correspondem a uma decisão superior de ação policial. "A atitude da liderança política é fundamental para reverter o quadro de letalidade e promover políticas de segurança mais eficazes", assinala a pesquisadora, que reclama de "discursos demagógicos e falaciosos que legitimam a prática da violência".
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