Efeito de campo
Uma endoscopia de rotina em pouco tempo poderá estar disponível para detectar o câncer de pâncreas próximo ao intestino delgado, devido a um fenômeno conhecido como "efeito de campo".
Os testes iniciais da nova tecnologia, desenvolvida na Universidade Northwestern, foram feitos na Clínica Mayo, na Flórida.
A técnica minimamente invasiva, chamada "Espectroscopia de Polarização por Comutação (Polarization Gating Spectroscopy), será agora testada em um estudo clínico internacional bem maior.
Exame do pâncreas
O pâncreas é um órgão difícil de se atingir e examinar, devido à sua localização profunda no abdômen e por ser cercado pelos intestinos.
Os pesquisadores levantaram a hipótese de que devem ocorrer mudanças na "aparência normal" dos tecidos do intestino delgado nas proximidades do pâncreas, que são muito mais acessíveis.
"Ninguém havia pensado antes que seria possível detectar o câncer de pâncreas em uma área tão afastada desse órgão, mas esse estudo mostrou que isso pode ser feito," diz Michael Wallace, um dos responsáveis pelo teste do novo exame.
"Apesar de os resultados serem apenas preliminares, o conceito dos efeitos de campo na detecção de câncer nas proximidades representa uma grande promessa para o diagnóstico do câncer de pâncreas ainda em estágio inicial", declara.
Câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é um dos tipos mais fatais de tumores humanos. Só é curável em 5% dos casos. E, mesmo quando é removido cirurgicamente, 70% dos clientes têm uma recorrência que é fatal, conta Wallace.
Atualmente, não existem formas de detectar o câncer cedo o suficiente para se curar um número substancial de pacientes.
Até agora, o câncer de pâncreas é detectado através de uma varredura por imagem, seguida de uma biópsia invasiva. Tumores encontrados dessa forma já estão, normalmente, em um estágio avançado.
Neste estudo, os médicos testaram uma sonda com luz, muito menos invasiva do que os exames atuais, e com capacidade de uma detecção precoce da doença.
Sonda de fibra óptica
A luz, atada a uma pequena sonda de fibra óptica, conhecida como endoscópio, mede a quantidade de sangue oxigenado, bem como o tamanho dos vasos sanguíneos, em tecidos próximos ao ducto onde o pâncreas se junta ao intestino delgado.
Como um tumor em crescimento requer um suprimento maior de sangue, o tecido normal nas proximidades do câncer revela evidências de vasos sanguíneos aumentados e mudanças na quantidade de oxigênio no sangue.
Os "efeitos de campo" do câncer podem ser medidos em outras áreas do trato gastrintestinal, diz Michael Wallace. "Com essa tecnologia, outros estudos já mostraram que pólipos cancerosos podem ser detectados a mais de 28 centímetros do próprio pólipo. Estudos anteriores avaliam que o câncer de esôfago também pode ser detectado remotamente", ele diz.
A sonda age "um pouco como um detector de metais, que emite sinais sonoros mais rápidos e mais altos, quando se chega perto do câncer," ele explica.
Os pesquisadores fizeram as medições entre 15 e 25 centímetros do pâncreas, no intestino delgado.
Melhorias
Michael Wallace e sua equipe testaram a sonda em 10 pacientes que, mais tarde, se determinou que tinham câncer de pâncreas, e em nove outros participantes que não tinham câncer de pâncreas.
Eles descobriram que por haverem testado as duas medidas - diâmetro do vaso sanguíneo e oxigenação do sangue - detectaram todos os 10 casos de câncer de pâncreas. Mas a sonda foi menos precisa (63% de exatidão) em determinar quais dos voluntários saudáveis não tinham câncer de pâncreas.
"Há espaço para aperfeiçoamento nesse instrumento e nosso grupo está trabalhando nisso", ele diz. "Se os estudos confirmarem os resultados anteriores, isso vai tornar o pâncreas acessível a um endoscópio superior bem mais simples e isso seria um avanço real no tratamento do câncer de pâncreas", declara.
Os pacientes, hoje, passam frequentemente por um exame endoscópico do intestino superior, em busca da causa de uma azia ou de dor de estômago, diz Wallace. Uma sonda endoscópica pode ser facilmente equipada para explorar evidências de câncer de pâncreas em pacientes de maior risco, ele afirma.
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