Dor da mentira
Nós somos mais honestos do que se pode imaginar, diz um novo estudo realizado por uma equipe das universidades de Oxford (Reino Unido) e da Universidade de Bonn (Alemanha).
A pesquisa sugere que falar uma mentira é "doloroso", mas isso só é perceptível quando estamos em nossas próprias casas.
Assim, embora possa nos incomodar falar mentiras em casa, somos menos cuidadosos nesse aspecto no trabalho, onde somos mais propensos a tentar "dobrar" a verdade a nosso próprio favor.
Teste de honestidade
Os pesquisadores realizaram testes de honestidade muito simples, mais muito eficazes.
Eles ligaram para 658 pessoas na Alemanha e lhes pediram para jogar uma moeda - se desse cara a pessoa não ganharia nada, mas se desse coroa ela ganharia um vale-presente no valor de €15.
Os cientistas não tinham como aferir objetivamente o resultado exato de jogar a moeda em cada caso. Mas, no total, centenas de pessoas jogando uma moeda dará uma proporção de caras e coroas muito próximo dos 50% para cada resultado.
Verificando o quanto os resultados relatados pelas próprias pessoas fugiam desse equilíbrio, é possível ter uma medida da honestidade geral do grupo com muita precisão.
Honestidade íntima
O grupo que atendeu o telefone em casa relatou 55,6% de resultados cara, o que significa que essas pessoas não ganharam nada. 44,4% afirmaram que o arremesso deu coroa, levando seu prêmio.
Quando o estudo foi feito em laboratório, contudo, nada menos do que 75% dos participantes afirmaram ter tirado coroa, levando o prêmio - um resultado muito distante da distribuição normal 50/50.
Todos os participantes, nas duas etapas, responderam questões sobre gênero, idade, religião e visões da importância da honestidade. Mas nenhuma correlação foi encontrada entre os resultados e esses aspectos.
Nem tudo são lucros
A conclusão dos pesquisadores é que as pessoas são mais honestas quando estão em suas casas do que quando estão em ambientes externos, como a escola ou o trabalho.
Os economistas consideram que as pessoas estão sempre em busca de elevar seus ganhos - nestes experimentos, o "custo" de mentir é praticamente nulo em relação aos ganhos, logo, eles esperavam um índice de desonestidade muito maior.
Mas a realidade desmentiu a teoria do homo economicus.
"Uma teoria é que ser honesto está arraigado profundamente na forma como queremos perceber a nós mesmos e é muito importante para a nossa autoidentidade," disse o economista Johannes Abeler, um dos idealizadores do teste.
Mas por que perdemos esse senso de autoidentidade quando estamos fora casa é algo que ainda está por ser esclarecido.
Veja outros estudos sobre mentiras:
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Ética | Emoções | Trabalho e Emprego | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.