29/11/2022

Sentindo-se solitário? Sua expectativa sobre relacionamentos pode ter mudado

Redação do Diário da Saúde

Solidão e relações sociais

Se, ao se aproximar do final de ano, a "época mais maravilhosa do ano" não é a sua realidade, você não está sozinho: Você pode até ter uma ideia de uma temporada festiva perfeita, mas o que realmente acontece nem sempre está à altura dessas expectativas.

E é daí que vem a solidão.

"A solidão resulta de uma discrepância entre as relações sociais esperadas e as reais," explica a professora Samia Akhter-Khan, do King's College de Londres.

Samia e seus colegas acabam de publicar uma nova teoria sobre por que as pessoas se sentem solitárias, principalmente na velhice, e o que podemos fazer a respeito.

"O problema que identificamos nesta pesquisa foi algo sobre o que nós realmente não temos pensado: O que as pessoas esperam de seus relacionamentos? Nós temos trabalhado com essa definição de expectativas, mas nós não identificamos realmente quais são essas expectativas e como elas mudam entre as culturas ou ao longo da vida," disse a pesquisadora.

Expectativas não atendidas

Em todo relacionamento, temos a expectativa de algumas coisas básicas: Todos nós queremos pessoas em nossas vidas a quem possamos pedir ajuda; amigos que podemos chamar quando precisamos deles; alguém para conversar; pessoas que cuidam de nós; alguém em quem podemos confiar; companheiros com quem podemos compartilhar experiências divertidas.

Mas a teoria da equipe, que eles chamam de Quadro de Expectativas de Relacionamento Social, propõe que as pessoas mais velhas podem ter certas expectativas dos relacionamentos que passaram despercebidas: Na terceira idade, as pessoas ainda podem se sentir solitárias, mesmo que não passem muito tempo sozinhas.

O que os esforços para reduzir a solidão têm negligenciado, propõe Samia, é como nossas expectativas de relacionamento mudam à medida que envelhecemos: O que esperamos das conexões sociais, digamos, aos 30 anos, não é o mesmo que queremos em nossos 70 anos.

Os pesquisadores identificaram duas expectativas específicas por idade que não têm sido levadas em consideração pelos psicólogos: Por um lado, os adultos mais velhos querem se sentir respeitados; eles querem que as pessoas os ouçam, se interessem por suas experiências e aprendam com seus erros. Isso é importante porque valoriza o que eles passaram e os obstáculos que superaram.

Em segundo lugar, essas pessoas querem contribuir: Retribuir aos outros e à sua comunidade e transmitir tradições ou habilidades por meio de ensino e orientação, voluntariado, cuidado ou outras atividades significativas.

Encontrar maneiras de atender a essas expectativas à medida que envelhecemos pode ajudar bastante a combater a solidão na vida adulta.

Solidão vem quando expectativas sobre relacionamentos sociais não se cumprem
Também há um lado positivo em ficar só por iniciativa própria: Pesquisas mostram até que o tipo certo de solidão melhora a criatividade.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Solidão entre jovens

Mas a solidão não é exclusiva das pessoas mais velhas. "É um problema dos jovens também," disse Samia. "Se você observar a distribuição da solidão ao longo da vida, há dois picos, um na idade adulta jovem e outro na velhice."

E a solidão é mais do que um sentimento: Ela pode ter impactos reais na saúde. A solidão persistente tem sido associada a riscos mais elevados de demência e doença de Alzheimer, doenças cardíacas e derrames e outros problemas de saúde.

Alguns pesquisadores sugerem que a solidão representa para a saúde um risco comparável ou até maior do que fumar ou apresentar obesidade.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Understanding and Addressing Older Adults Loneliness: The Social-Relationship Expectations Framework
Autores: Samia C. Akhter-Khan, Matthew Prina, Gloria Hoi-Yan Wong, Rosie Mayston, Leon Li
Publicação: Perspectives on Psychological Science
DOI: 10.1177/17456916221127218
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