01/02/2012

Santa Catarina tem maior bem-estar econômico do Brasil

Redação do Diário da Saúde
Santa Catarina tem maior bem-estar econômico do Brasil
Santa Catarina apresentou bons níveis de consumo, capital, equidade social e seguridade econômica, o que confere a seus habitantes boas condições econômicas e qualidade de vida.
[Imagem: IBGE]

Índice de Bem-Estar Econômico

Santa Catarina é o estado brasileiro com maior nível de bem-estar econômico.

A conclusão é de um estudo inédito, que utilizou um novo indicador de acesso aos recursos econômicos, o Índice de Bem-Estar Econômico (IBEE).

O trabalho foi feito por Cláudia Rocha Bueno Vidigal e Ana Lucia Kassouf, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à USP.

Padrão de vida digno

Santa Catarina apresentou bons níveis de consumo, capital, equidade social e seguridade econômica, o que confere a seus habitantes boas condições econômicas e qualidade de vida.

Outros estados que apresentaram IBEE (Índice de Bem-Estar Econômico) elevado foram São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Os piores índices, por outro lado, foram obtidos pelo estado de Alagoas.

A pesquisa foi motivada pela necessidade de construção de um indicador sintético de bem-estar econômico que fosse capaz de englobar os distintos aspectos que estão associados a um padrão de vida digno.

Um indicador como esse é importante para subsidiar a implementação e o monitoramento de políticas públicas, além de tornar transparente a situação econômica da população.

Melhor que o PIB

Atualmente, o indicador mais utilizado para mensurar o bem-estar econômico é o Produto Interno Bruto (PIB), além de sua variante, o PIB per capita, o qual considera apenas a renda como medida de bem-estar.

O PIB mede o total de bens e serviços produzidos em uma economia, enquanto o PIB per capita pondera esse valor total em relação ao tamanho da população.

Segundo Cláudia, tais indicadores são limitados por não incluírem variáveis que captem a satisfação econômica a partir dos aspectos considerados importantes para o bem-estar da população.

"O principal argumento para a proposta de um novo indicador de bem-estar econômico de uma sociedade é que a avaliação deve considerar, por exemplo, fluxos de consumo pessoal, estoques de riqueza, distribuição de renda e seguridade econômica", explica a pesquisadora.

Foi escolhido um índice desenvolvido pelos economistas Lars Osberg e Andrew Sharpe, que tem sido aplicado periodicamente para o Canadá e países selecionados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Um grande diferencial no IBEE adaptado para o Brasil está no fato de ter-se criado um novo indicador, o de risco de violência, devido ao fato de serem observados elevados níveis de criminalidade no país", acrescenta.

Dimensões

O IBEE é composto por quatro dimensões distintas:

  1. "fluxos de consumo", obtida pelos indicadores de consumo privado e consumo público;
  2. "riqueza real - legado intergeracional", resultante dos indicadores capital físico, capital humano, gastos com pesquisa e desenvolvimento e débito público;
  3. "equidade", construída a partir do Índice de Gini (índice de desigualdade de renda) e do Índice FGT (índice de intensidade de pobreza);
  4. "seguridade econômica", formada pelos indicadores de risco de desemprego, risco financeiro associado à doença, risco de pobreza em idade avançada e risco de violência.

Os resultados demonstraram que, segundo a dimensão fluxos de consumo, os estados mais bem colocados foram o Distrito Federal, o Rio de Janeiro e São Paulo. O estado do Maranhão foi o que apresentou os piores valores nos anos observados.

Em relação à riqueza real e legado deixado às futuras gerações, o Distrito Federal se manteve líder nos dois anos analisados, acompanhado pelo Paraná. O Mato Grosso obteve a pior colocação em 2002 e Piauí em 2008.

A dimensão equidade, que considera o nível de desigualdade de distribuição de renda e a intensidade de pobreza, foi liderada por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, refletindo as boas condições oferecidas pela região Sul do Brasil.

"Na contramão deste resultado, o estado de Alagoas apresentou indicadores preocupantes de equidade econômica, fazendo com que se mantivesse em último lugar no ranking da dimensão nos dois anos do estudo," diz a pesquisadora.

Em relação à dimensão seguridade econômica, alguns estados da região nordeste apresentaram baixos riscos associados aos recursos econômicos, alcançando as primeiras colocações no ranking da dimensão.

Esses bons resultados se deram em decorrência dos baixos valores apresentados para os indicadores de risco, sobretudo para o risco de pobreza em idade avançada e para o risco de violência, a qual foi medida pela taxa de homicídios.

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Amapá foram os que apresentaram o pior desempenho nessa dimensão.

Quando analisadas as dimensões conjuntamente, o cálculo do índice demonstrou que, independentemente dos pesos atribuídos para cada uma delas, Santa Catarina apresenta o maior bem-estar econômico no País.

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