Um rim "recriado" em laboratório foi transplantado em animais, onde começou a produzir urina.
A técnica dos cientistas do Hospital Geral de Massachusetts (EUA) consiste em usar um rim "velho", eventualmente retirado do próprio paciente, do qual são eliminadas todas as células não essenciais.
Isto deixa apenas uma espécie de esqueleto, uma estrutura básica, que funciona como uma armação estrutural para o crescimento do novo rim.
A partir daí, o rim é então reconstruído com células retiradas do paciente.
O novo rim não é tão eficaz quanto um rim natural, mas os pesquisadores afirmam que este é um passo importante, sobretudo pela dificuldade de crescer novos órgãos a partir do zero - que era a grande expectativa das células-tronco e da chamada medicina regenerativa, que está se mostrando mais difícil de realizar do que o esperado, porque as células acabam gerando tumores.
Em 2010, outra equipe norte-americana desenvolveu um rim artificial implantável, mas usando uma abordagem diferente, que é mais mecânica do que biológica.
Os rins filtram o sangue para remover resíduos do corpo, e são os órgãos com maior número de transplantes, com a oferta de órgãos quase nunca atendendo à demanda.
Como o tecido do rim reciclado é desenvolvido a partir de células do próprio paciente, isto deverá eliminar a necessidade dos medicamentos antirrejeição, que evitam que o sistema imunológico veja o novo órgão como estranho e invasor.
O uso do rim velho resolve um dos maiores problemas da criação de órgãos artificiais, que é fabricar os "andaimes" onde as células possam crescer em 3D - células cultivadas em laboratório normalmente crescem em discos de Petri, espalhando-se no fundo do "pratinho" de vidro para formar apenas camadas 2D.
Quando as células velhas são retiradas do rim velho, resta uma teia de células com a estrutura física e com uma uma intrincada rede de vasos sanguíneos e tubos de drenagem, que são muito difíceis de construir artificialmente.
Os rins artificiais tiveram uma eficiência equivalente a 23% dos rins naturais dos animais de laboratório para os quais foram transplantados - o que pode ser significativo para um paciente que esteja sem a função renal.
"Se esta tecnologia puder ser escalonada para enxertos nas dimensões do ser humano, os pacientes que sofrem de insuficiência renal, que estão atualmente à espera de rins de doadores, poderiam teoricamente receber um órgão crescido sob demanda," disse o Dr. Harald Ott, coordenador da pesquisa, que foi publicada na revista científica Nature Medicine.
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