Revestimento seletivo
Pesquisadores canadenses desenvolveram revestimentos de superfície que podem repelir tudo, de bactérias e vírus até células vivas.
A grande novidade, contudo, é que esses revestimentos podem ser customizados para permitir exceções benéficas, ou seja, quais materiais eles "aceitam".
A inovação é promissora para aplicações médicas, tornando possível que implantes - como enxertos vasculares, válvulas cardíacas e articulações artificiais - liguem-se ao corpo sem risco de infecção ou coagulação sanguínea.
No caso de uma válvula cardíaca artificial, por exemplo, um revestimento repelente pode impedir que as células do sangue grudem e formem coágulos, tornando o implante muito mais seguro. Por outro lado, um revestimento completamente repelente pode impedir que o corpo integre a nova válvula ao tecido do próprio coração.
A nova nanotecnologia também tem potencial para reduzir grandemente falsos positivos e falsos negativos em exames médicos, eliminando a interferência de elementos não-alvo no sangue e na urina.
Implantes e exames
A pesquisa dá uma nova utilidade às superfícies completamente repelentes, que foram inventadas em 2011. Esses revestimentos são úteis para impermeabilizar telefones e pára-brisas de carros e para repelir bactérias em áreas de preparação de alimentos, por exemplo, mas oferecem utilidade limitada em aplicações médicas, onde é preciso prever associações benéficas específicas.
"Foi uma grande conquista ter superfícies completamente repelentes, mas, para maximizar os benefícios de tais superfícies, precisávamos criar uma porta seletiva que permitisse a união de elementos benéficos com essas superfícies," explicou o pesquisador Tohid Didar, da Universidade McMaster (Canadá).
Ao projetar uma superfície para permitir a adesão apenas às células do tecido cardíaco, por exemplo, Didar está possibilitando que o corpo integre a nova válvula naturalmente, evitando as complicações da rejeição. O mesmo deverá ocorrer com outros implantes, como articulações artificiais e stents utilizados para abrir os vasos sanguíneos.
Fora do corpo, superfícies repelentes projetadas seletivamente podem tornar os exames mais precisos, permitindo que apenas o alvo específico de um teste - um vírus, bactéria ou célula cancerosa, por exemplo - se ligue ao biossensor que está procurando por ele.
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