Conexão entre trauma e demência
Há evidências crescentes de que o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) aumenta o risco de desenvolver demência mais tarde.
O TEPT é um transtorno que pode ocorrer quando a pessoa experimenta um evento traumático. Uma característica comum é que os indivíduos com TEPT revivem frequentemente o evento traumático, uma rememoração muitas vezes desencadeada por estímulos semelhantes aos que acompanharam o trauma original.
Uma série de estudos epidemiológicos - estudos de casos efetivamente verificados na população - já demonstraram que indivíduos que sofrem de TEPT são mais propensos a sofrer de doença de Alzheimer na terceira idade.
Agora, pesquisadores do Centro Médico Universitário de Goettingen (Alemanha) descobriram um mecanismo molecular que liga os dois distúrbios, dando maior sustentação a essa conexão. Eles destacam a estranha ligação entre um fenômeno que leva a uma memória muito forte sobre um evento específico, e uma memória tipicamente muito fraca na sequência temporal.
Desvendar os fundamentos moleculares da correlação entre as duas condições ajudará a identificar terapias direcionadas para as pessoas que sofrem de TEPT, além de ajudar nas pesquisas para compreender melhor - e eventualmente tratar - o Mal de Alzheimer em todos os pacientes.
Citoesqueleto
Roberto Carlos Balboa e seus colegas identificaram essa conexão molecular ao verificar que a proteína Formin 2 fica desregulada tanto em pacientes com TEPT quanto em pacientes com doença de Alzheimer.
Ao investigar mais a fundo a conexão, eles demonstraram que camundongos geneticamente modificados para apresentar a desregulação da Formin 2 apresentaram fenômenos típicos do transtorno de estresse pós-traumático em idade precoce e desenvolveram declínio de memória conforme envelheciam.
A Formin 2 é ativa no cérebro, onde ela regula a dinâmica do citoesqueleto, a estrutura que ajuda as células a manterem sua forma e organização interna. Ela é necessária para que os contatos das células neurais se fortaleçam e logo diminuam novamente durante a aprendizagem.
"Nossos resultados indicam que pode ser possível desenvolver estratégias terapêuticas para pacientes com TEPT que, ao mesmo tempo, reduzam o risco de desenvolver a doença de Alzheimer," disse o professor André Fischer, coordenador do trabalho.
O estudo foi publicado no EMBO Journal.
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