Você não se considera super criativo? Tente este truque

Trocar ideias impede "fixação" que atrapalha criatividade. Talvez por isso, equipes afetivamente heterogêneas apresentam maior criatividade.
[Imagem: GraphicMama/Pixabay]

Pensamento flexível

Mesmo as pessoas que tendem a pensar convencionalmente, ou que trabalham em atividades monótonas, podem se tornar criativas simplesmente adotando abordagens diferentes do seu modo de pensar tradicional.

Em uma série de experimentos, pesquisadores descobriram que os "pensadores convencionais", aqueles que têm pouca abertura a novas ideias e experiências, surgiram com ideias mais criativas do que seus pares depois de praticarem a "reavaliação emocional".

Reavaliação emocional significa ver uma situação através de outra lente emocional, como tentar ver um evento indutor de raiva como algo neutro ou esperançoso.

"Uma das implicações do estudo é que a criatividade não é algo acessível apenas a pessoas que consideramos 'criativas'," disse a professora Lily Zhu, da Universidade do Estado de Washington (EUA). "Sempre que nos afastamos da nossa perspectiva costumeira e tentamos pensar em algo de modo diferente da nossa reação inicial, há um elemento criativo nisso. Se pudermos praticar ou treinar esse músculo do pensamento flexível, isso pode nos ajudar a ser mais criativos ao longo do tempo."

Reavaliação emocional

A primeira pesquisa, com 279 voluntários, revelou que as pessoas que tendem a ser mais criativas - com elevada abertura a novas ideias - também tendem a praticar a reavaliação emocional regularmente, de modo mais ou menos natural.

Em outro experimento, com 335 pessoas, os participantes foram classificados primeiro em seus níveis de abertura a outras perspectivas e ideias e, em seguida, viram uma cena de um filme projetada para provocar raiva. Durante a visualização, parte dos voluntários recebeu instruções para suprimir suas emoções, pensar em outra coisa para se distrair ou tentar uma reavaliação emocional, olhando a cena por outra lente; o outro grupo não recebeu nenhuma instrução sobre como regular seus sentimentos.

Após a exibição do filme, foi pedido aos participantes que pensassem em modos de usar um espaço em seu prédio que ficaria desocupado por uma cafeteria que estava falindo. Essas ideias foram então avaliadas por um painel de especialistas que não sabiam nada sobre os participantes. Ideias como usar o espaço para locais para tirar uma soneca ou abrir uma creche foram consideradas altamente criativas, enquanto abrir uma cafeteria semelhante ou uma franquia de alimentos foram consideradas de baixa criatividade.

O próximo experimento fez com que um grupo diferente de 177 participantes escrevesse sobre uma experiência que os deixara com raiva, em vez de assistir a um filme. Eles deviam então escrever sobre o evento de uma perspectiva emocional diferente, ou escrever sobre outra coisa como uma distração.

Em ambos os experimentos, os participantes de pensamento convencional que tentaram a reavaliação emocional apresentaram ideias mais criativas do que outros pensadores convencionais que usaram estratégia de supressão, distração ou nenhuma regulação emocional.

Curiosamente, ter uma excelente memória não torna a pessoa mais criativa.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Lidar com as emoções negativas

Um detalhe curioso da pesquisa é que, para os participantes que haviam sido considerados pensadores criativos logo no início, a reavaliação emocional não pareceu ter muito efeito em sua criatividade. Os pesquisadores sugerem que, como as pessoas criativas já tendem a praticar a reavaliação emocional regularmente, fazer mais do mesmo não tem tanto impacto, é como adicionar mais gasolina a um carro que já tem combustível.

Os resultados como um todo têm implicações para melhorar a produtividade dos negócios, afirma a equipe, uma vez que parece ser possível aproveitar melhor o conhecimento e a experiência de todos os funcionários, incentivando sua criatividade, mesmo daqueles em ocupações convencionais, como contadores, corretores de seguros ou analistas de dados.

"As emoções negativas são inevitáveis no local de trabalho," disse Zhu. "A questão não é se queremos emoções negativas ou não; a questão é: Como podemos lidar melhor com elas de maneira produtiva e saudável? Parte das implicações deste estudo é que podemos usar as emoções negativas em nossa vida cotidiana como oportunidades para praticar o pensamento flexível."