20/03/2014

Prevenção de AVC acima dos 80 anos não faz sentido, diz médico

Redação do Diário da Saúde

Pessoas na faixa dos 80 anos de idade estão recebendo receitas de medicamentos para evitar derrames quando o risco de um acidente vascular cerebral não é tão alto e as drogas apresentam vários efeitos colaterais.

Por isso, os médicos precisam repensar os padrões de prescrição para os pacientes dessa faixa etária, alerta o Dr. Kit Byatt, em um artigo publicado na revista científica Evidence Based Medicine.

Segundo ele, as pessoas nesta faixa etária estão sendo "sobre-tratadas" e os médicos precisam repensar ativamente suas prioridades e crenças sobre a prevenção do AVC.

Estatinas e anti-hipertensivos

As estatinas e os medicamentos anti-hipertensivos são as drogas cardiovasculares prescritas em maior escala. E elas são amplamente prescritas para os pacientes na faixa dos 80 anos com o argumento de que esses medicamentos diminuem riscos de derrame.

Ocorre que as pesquisas mostram que, nessa faixa etária, a pressão arterial elevada não é um fator de risco chave, e o colesterol alto tem pouco efeito sobre o risco de acidente vascular cerebral em geral, diz o Dr. Byatt.

Ele ressalta que os maiores ensaios clínicos de terapias anti-hipertensivas e estatinas para pessoas nessa faixa etária têm mostrado apenas uma redução marginal no AVC e reduções muito modestas em outros eventos cardiovasculares.

A maioria dos pacientes mais velhos provavelmente rejeitaria o modesto benefício potencial conferido por estes medicamentos, em favor de tomar menos medicamentos todos os dias e não ter que aturar os seus possíveis efeitos colaterais, disse o médico.

"Será que sequer deveríamos usar esses medicamentos em pacientes idosos frágeis com multimorbidades? Precisamos repensar ativamente as nossas prioridades e crenças sobre a prevenção do AVC, informando e levando em conta os pontos de vista da pessoa-chave, o paciente," insiste ele.

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