Pressão alta em adolescentes
Ser do sexo masculino, apresentar obesidade ou sobrepeso e não praticar atividades físicas: estes três fatores estão associados à ocorrência de hipertensão arterial sistêmica, mais conhecida como pressão alta, entre adolescentes e jovens.
É o que revela uma pesquisa que envolveu alunos de 14 a 20 anos matriculados em escolas públicas de ensino médio da Região Metropolitana do Recife. Dos mais de 1,8 mil alunos pesquisados, 17,3% apresentaram pressão arterial elevada, um percentual maior do que os encontrados em estudos nacionais e internacionais, nos quais a prevalência variou de 1% a 13%.
Assinado pelos pesquisadores Betânia da Mata Ribeiro Gomes, da Universidade de Pernambuco, e João Guilherme Bezerra Alves, do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira, ambos no Recife, o trabalho acaba de ser publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz.
Evitando o pior
Nas Américas, estima-se que 140 milhões de pessoas tenham hipertensão, mas metade delas não sabe que apresenta a doença, pois não exibe sintomas nem utiliza serviços de saúde.
Entre as que se descobrem hipertensas, 30% não fazem tratamento por falta de motivação ou de recursos. "Embora a maior parte dos diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica seja firmada em pacientes com idade avançada, a síndrome pode ter seu início na infância", destacam os autores no artigo.
"É importante o rastreamento de crianças e adolescentes com risco aumentado de se tornarem adultos hipertensos, para que sejam adotadas medidas preventivas em idade precoce, reduzindo os riscos de doenças cardiovasculares e acidente vascular encefálico", completam.
Risco do sobrepeso e da obesidade
De acordo com os resultados do trabalho, estudantes com sobrepeso tinham duas vezes mais risco de apresentar pressão alta do que aqueles com peso normal. Já para alunos obesos, o risco chegava a ser quatro vezes maior.
"Esses dados comprovaram que, desde a adolescência, o sobrepeso e a obesidade desempenham um papel deletério para o sistema cardiovascular", dizem os autores. Os pesquisadores também observaram que a prevalência de hipertensão era maior entre os alunos que não comiam frutas, mas a diferença não foi estatisticamente significativa.
Engajamento dos professores
Betânia e João Guilherme esperam que, com a divulgação de seus resultados junto aos professores, estes se tornem mais engajados e coloquem a promoção da saúde dos alunos dentro das rotinas escolares.
"Dessa forma, a grande campanha de recuperação e manutenção da saúde dos adolescentes será feita naturalmente, sem programas pontuais, cujos efeitos são efêmeros", argumentam. Os dois autores também acreditam que a pesquisa poderá subsidiar mudanças como a oferta de merenda escolar mais balanceada, o incentivo a práticas esportivas como atividades extracurriculares e a inclusão da hipertensão entre os temas debatidos em sala de aula.
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