Converse mais com os meninos
Nossas habilidades de leitura e compreensão de um texto dependem de vários fatores, entre os quais o conhecimento do alfabeto, das palavras, de como elas soam e, claro, do vocabulário.
Decifrar o código de leitura, ou seja, aprender as letras do alfabeto e as diferentes palavras é algo que se consegue facilmente com algum treinamento, como o comprova o trabalho de alfabetização das crianças.
"Aproximadamente 2 a 4 por cento de nós temos problemas de leitura devido a fatores biológicos subjacentes. Todos os outros deveriam ser capazes de aprender a ler sem muitos desafios," explica o professor Hermundur Sigmundsson, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU).
No entanto, ser capaz de ler uma palavra não é suficiente, você também precisa saber o que a palavra significa. Essa é uma questão de vocabulário, que exige ainda mais de nós - o vocabulário é algo em que você deve trabalhar durante toda a vida.
E foi aqui que a pesquisa da equipe do professor Sigmundsson descobriu que há diferenças entre os gêneros: Os meninos têm mais dificuldade para ler do que as meninas, e o vocabulário representa uma grande parte do problema.
Mais surpreendente ainda: O défice dos meninos não se deve a eles individualmente e nem a fatores biológicos.
"A pesquisa mostra que os adultos falam menos com os meninos do que com as meninas desde o momento em que nascem," disse Sigmundsson.
Isto pode estar ligado ao fato de as meninas balbuciarem mais e, portanto, obterem mais resposta, o que enriquece mais o seu vocabulário, ou enriquece seu vocabulário precocemente, com uma diferença notável quando as crianças chegam à escola e começam a lidar com a leitura.
Sobrediagnóstico de dislexia
Os pesquisadores apontam que a dificuldade de leitura tem levado a um excesso de diagnóstico de dislexia entre os meninos.
A dislexia é um distúrbio de aprendizagem, especificamente de leitura, mas que tem consequências na escrita: Pessoas disléxicas têm dificuldade em decodificar palavras e em relacionar o fonema com o grafema, ou seja, ligar o som às letras e sílabas.
A professora Elena Grigorenko, membro da equipe, argumenta que o termo dislexia é frequentemente mal utilizado. Ela acredita que devemos nos concentrar em descobrir exatamente quais são as dificuldades das crianças e iniciar uma formação adicional que aborde cada questão específica, e não apenas dar um nome ao problema.
"O treinamento específico nos permite construir redes neurais. Assim, um treinamento direcionado, aliado a um bom acompanhamento, é fundamental para desenvolver habilidades e conhecimentos que possamos usar para melhorar," concluiu a pesquisadora.
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