06/01/2023

Por que alguns animais devem ser protegidos e outros comidos?

Redação do Diário da Saúde
Por que alguns animais devem ser protegidos e outros comidos?
Você prefere estes animais "abraçados" ou "assados"?
[Imagem: Couleur/Pixabay]

Percepção sobre os animais

Um novo estudo científico promete lançar mais luz sobre um tema considerado um tabu tão forte que poucos se atrevem sequer a falar sobre ele, dado o risco de causar mal-estar ou mal-entendidos entre os mais diversos grupos da sociedade.

Mas Paul Patinadan e Denise Dillon, das universidades James Cook (Austrália) e Tecnológica Nanyang (Cingapura), decidiram enfrentar o desafio e estudar o que nos leva a ver algumas espécies de animais como "amigos", outros como "comida" e outros ainda como "pelos quais vale a pena lutar".

A pesquisa tentou avaliar as percepções sociais das pessoas sobre vários animais não humanos, que a ciência tem tipicamente classificado como menos sencientes e desprovidos de emoções ou sentimentos, o que lhes tiraria automaticamente do âmbito dos direitos e das preocupações morais.

As classificações nas escalas de carinho e habilidade para 16 animais foram submetidas a uma análise de escala multidimensional.

Entre os animais estudados estavam tubarão, jacaré, porco, cachorro, polvo, coelho, vaca e orangotango.

Os resultados confirmam que as pessoas têm diferentes percepções sociais em relação às várias espécies animais.

Por que alguns animais devem ser protegidos e outros comidos?
A ciência ignorou o livro de Darwin "A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais", e só recentemente passou a ser considerada a possibilidade de testar a consciência dos animais. O resultado é que há uma discrepância na visão científica sobre as emoções entre biólogos e psicólogos.
[Imagem: minka2507/Pixabay]

Amar e proteger ou "quero distância"

Os cientistas usaram um conceito, conhecido como Modelo de Conteúdo Estereotipado, para tentar replicar as percepções sociais em relação aos animais ao longo das dimensões carinho-habilidade entre grupos identificados como vegetarianos, ativistas pelos animais e pessoas que não se consideravam nenhum dos dois - todos os voluntários eram de Cingapura, onde o estudo foi realizado.

A análise identificou quatro grupos principais de animais, nomeados como "Amar", "Proteger", "Indiferente" e "Aversão", com base em como os participantes se sentiram em relação aos animais.

A ideologia ética dos participantes também foi medida, com vegetarianos e ativistas pelos animais mantendo crenças mais "absolutistas". Contudo, mesmo quando considerada no processo de dimensionamento, a ideologia ética teve pouco impacto nas percepções sociais dos participantes sobre os animais não humanos.

"Os participantes classificaram as 16 espécies de animais não humanos de maneira significativamente diferente nas dimensões de cordialidade e habilidade. As ideologias éticas das pessoas sobre os animais não humanos não parecem afetar as permutações sociais que concedem às diferentes espécies.

"Estes resultados sugerem que os sentimentos humanos em geral em relação aos animais não humanos podem ser originados de atalhos mentais de julgamentos e permutações de valores sociais adaptativos. Entender o lugar de nossos próprios julgamentos morais entre os animais não humanos pode ajudar a finalmente definir a natureza nebulosa da interação humana com os seres que compartilham nosso mundo conosco," comentou Patinadan.

Outras culturas

Já Dillon ressalta que uma das limitações da pesquisa é que ela foi conduzida na cidade-estado de Cingapura, no sudeste da Ásia, e as respostas estão atreladas às idiossincrasias e relações únicas e específicas da cultura com os animais.

Pesquisas futuras usando o mesmo método, sugere ela, devem procurar determinar a percepção dos animais em pessoas de outras culturas, para verificar se as conclusões obtidas agora poderiam ser universalizadas.

Também seria interessante a inclusão de animais historicamente vítimas de aversão, desde mamíferos, como os ratos e os morcegos, até os insetos, como pernilongos e baratas, ou aqueles vistos apenas do ponto de vista da utilidade, como as cobaias usadas em pesquisas científicas.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Friends, food or worth fighting for? A proposed stereotype content model for nonhuman animals
Autores: Paul V. Patinadan, Denise B. Dillon
Publicação: Human-Animal Interactions
DOI: 10.1079/hai.2022.0023
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