23/05/2019

Policiamento proativo aumenta criminalidade entre adolescentes

Redação do Diário da Saúde
Policiamento proativo aumenta criminalidade entre adolescentes
Quanto mais jovem o menino foi abordado pela polícia pela primeira vez, maior a probabilidade de seu engajamento em um comportamento delinquente nos seis meses seguintes.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Da suspeição injusta à criminalidade

Garotos adolescentes negros e de descendência latino-americana que são abordados pela polícia em inspeções de rotina - sem acusação prévia - apresentam um engajamento mais frequente no comportamento delinquente daquele ponto em diante.

Este é o resultado de uma pesquisa feita nos EUA, que também demonstra que as abordagens policiais têm um impacto negativo no bem-estar psicológico desses adolescentes.

Os dados mostram que, quanto mais frequentemente um menino é parado pela polícia, mais frequente é o engajamento dele com o comportamento criminoso, seis, 12 e 18 meses depois.

O comportamento criminal passado não prevê novos encontros com os policiais. Em outras palavras, ser abordado pela polícia sem acusação é um indicador melhor de criminalidade futura do que a criminalidade passada.

Mais do que isso, quanto mais jovem o menino foi abordado pela polícia pela primeira vez, maior a probabilidade de seu engajamento em um comportamento delinquente nos seis meses seguintes.

"Nossos resultados indicam que o policiamento proativo, uma estratégia de policiamento para fazer contato com garotos e rapazes em áreas de 'alta criminalidade', podem impor um custo terrível aos jovens negros e latinos em todo o país.

"As abordagens policiais estão associadas a resultados prejudiciais, incluindo comportamento delinquente subsequente e sofrimento psicológico que pode ser ainda mais prejudicial quando ocorrem mais cedo na vida dos meninos. Essas consequências exigem atenção urgente de cientistas sociais e formuladores de políticas," disse o Dr. Juan Del Toro, da Universidade de Nova York.

Policiamento proativo

Tem havido uma forte tendência, em várias partes do mundo, rumo ao chamado "policiamento proativo", que consiste em colocar os policiais em locais onde a criminalidade é maior, e fazê-los "envolver-se" com pessoas com maior probabilidade de serem acusadas de crimes.

Uma revisão recente das pesquisas na área demonstrou que o policiamento proativo está de fato associado a reduções nos crimes.

No entanto, aquela mesma pesquisa também reconhece que o policiamento proativo pode afetar negativamente a legitimidade pública da aplicação da lei e até mesmo levar as pessoas a evitarem funcionários ligados às leis, além de ter ignorado os efeitos potencialmente negativos do policiamento proativo sobre as disparidades raciais ou a criminalidade juvenil.

Esta nova pesquisa, realizada pelo grupo do professor Del Toro, foi projetada justamente para cobrir essa lacuna. E revelou que policiais abordando adolescentes considerados "suspeitos" por sua etnia ou cor na verdade aumenta a probabilidade desses adolescentes se engajarem em comportamento delinquente subsequente.

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