Pobreza afeta cérebro de crianças
Crescer na pobreza pode ter mais do que efeitos psicossociais - pode influenciar a "fiação" interna do cérebro de uma criança.
Cientistas acabam de descobrir uma conexão entre a pobreza doméstica, ou viver em um bairro de grande pobreza, e os tratos de substância branca do cérebro, que permitem a comunicação entre as regiões do cérebro - tratos são vias neuronais no cérebro e na medula espinhal, enquanto a substância branca desempenha um papel crítico em ajudar o cérebro a processar informações.
As descobertas derivam do maior estudo de longo prazo sobre desenvolvimento do cérebro e saúde infantil realizado nos EUA, o Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD), lançado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) em 2015, envolvendo cerca de 12.000 crianças que tinham entre 9 e 10 anos de idade no início do estudo.
"A integridade da substância branca é muito importante no desenvolvimento do cérebro," disse Zhaolong Li, da Universidade de Washington. "Por exemplo, fraquezas na substância branca estão ligadas a desafios visuoespaciais e de saúde mental em crianças. Se pudermos capturar como o status socioeconômico afeta a substância branca no início da vida de uma criança, a esperança é que possamos, um dia, traduzir essas descobertas em medidas preventivas."
Cérebro e obesidade
Os pesquisadores também descobriram que a obesidade infantil e a baixa função cognitiva podem explicar, pelo menos parcialmente, a influência da pobreza nas diferenças da massa branca.
Geralmente, as crianças que crescem na pobreza têm um risco maior de obesidade e pontuação mais baixa em testes de função cognitiva do que seus pares em bairros e famílias de renda mais alta.
A substância branca, as fibras nervosas densamente compactadas no fundo do cérebro, obtém sua cor branca da substância gordurosa que envolve as fibras nervosas. O revestimento gorduroso é responsável pela rápida transmissão de informações ao longo dos tratos das células nervosas. A organização e a conectividade entre esses tratos dão suporte ao aprendizado e à comunicação adequada entre as regiões do cérebro. A interrupção nessas vias de comunicação tem sido associada a problemas físicos, bem como a piores resultados de saúde mental.
Quando ao pior desempenho cognitivo, a equipe acredita que ele pode ser devido, ao menos em parte, ao acesso limitado a estímulos sensoriais, sociais e cognitivos enriquecedores.
O ambiente de uma criança é complexo, envolvendo influências da vizinhança e da família. Bairros desfavorecidos sofrem desproporcionalmente com desemprego, pobreza e disparidade de renda. Casas monoparentais são mais comuns, e os residentes são tipicamente têm menor escolaridade, ganham uma renda menor e possuem menos recursos econômicos.
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