Causas da pré-eclâmpsia
Apesar de ser objeto de estudos pelas comunidades médica e científica há mais de um século, a ciência ainda não consegue explicar como exatamente a pré-eclâmpsia se desenvolve.
Agora, pesquisadores acreditam finalmente ter encontrado a causa primária dessa condição que assusta tanto as mulheres que planejam ser mães.
"Encontramos uma peça que faltava no quebra-cabeça. Cristais de colesterol são a chave e somos os primeiros a trazer isso à luz," comemora a pesquisadora brasileira Gabriela Silva, atualmente trabalhando na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
A descoberta é uma ótima notícia para cerca de 3% das mulheres grávidas que contraem esta condição. Em todo o mundo, a pré-eclâmpsia é uma das principais causas de doença e morte, tanto da mãe quanto do feto, além de um grande número de nascimentos antes do termo.
O que acontece na pré-eclâmpsia
Em uma gravidez pré-eclâmptica, a placenta não se desenvolve adequadamente e o bebê às vezes também recebe pouca nutrição.
A pré-eclâmpsia não desaparece até o nascimento do bebê. Como ninguém entende por que a condição ocorre, o tratamento atual é monitorar e aliviar os sintomas.
"A gravidez é, na verdade, um tipo de condição inflamatória natural e, no caso da pré-eclâmpsia, a inflamação se tornou muito forte e leva à doença," explicou Gabriela.
A novidade é que, com sua descoberta, ela acredita que o tratamento agora se tornará mais eficaz.
Colesterol exagerado leva à pré-eclâmpsia
A pista para a descoberta de Gabriela foi que as mulheres que tiveram pré-eclâmpsia têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares mais tarde na vida.
Foi precisamente essa conexão que levou a equipe a examinar o colesterol das mulheres grávidas com pré-eclâmpsia - o colesterol é uma das principais causas de doenças cardiovasculares.
Os cristais de colesterol são identificados pelo corpo como substâncias nocivas que precisam ser eliminadas. Mas as células de defesa que vêm para fazer o trabalho não são capazes de destruí-las. Elas então pedem reforços e mais células imunológicas entram no jogo, mas sem sucesso. A resposta imunológica acaba tornando-se exagerada e o processo inflamatório aumenta.
Gabriela descobriu que a inflamação é mais forte na região chamada interface materno-fetal, onde as células da mãe entram em contato direto com as células fetais. Isso acontece na placenta e na parede uterina.
"Esse contato direto significa que a inflamação afeta diretamente a comunicação entre a mãe e o feto e contribui para uma inflamação ainda maior na mãe," explicou ela.
Tratamentos mais simples
Os níveis de colesterol são normalmente elevados em todas as mulheres grávidas, porque tanto o feto quanto a placenta precisam de colesterol. Mas, nas mulheres com pré-eclâmpsia, esses níveis estavam ainda mais altos. Além disso, elas tinham muito mais colesterol LDL, que é o tipo de colesterol encontrado em pessoas com alto risco de doenças cardiovasculares.
Segundo a equipe, os tratamentos para pré-eclâmpsia poderão agora se tornar tão simples quanto tomar medicamentos para baixar o colesterol, embora mais pesquisas sejam necessárias para esclarecer os efeitos desses medicamentos, dada a necessidade de manter na gravidez um nível de colesterol acima do que seria normal para cada paciente fora da gravidez.
"Algumas mulheres têm um risco aumentado de pré-eclâmpsia desde o início. Elas devem ser acompanhadas com uma verificação do colesterol. Isso não é feito regularmente hoje, mas deve ser feito regularmente no futuro. O uso de estatinas durante a gravidez não é recomendado agora, mas vários estudos clínicos estão examinando isso mais de perto e estão mostrando que a pravastatina, por exemplo, pode ser segura para uso durante a gravidez," antecipou Gabriela.
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