ATENÇÃO - Leia com cautela
Atualização em 08/11/2024 - O pesquisador sênior responsável por esta pesquisa foi afastado de suas funções após apuração conduzida pela Universidade do Sul da Califórnia, que concluiu por má-conduta e coleta de dados fora das práticas científicas aceitas em seu laboratório. Embora o artigo científico que serviu de base para a reportagem ainda não tenha sido retratado, ou despublicado, as conclusões devem ser lidas com cautela e estão sujeitas a escrutínio em andamento.
Nosso artigo será mantido no ar para que a questão seja conhecida e para que nossos leitores se certifiquem de nosso compromisso com o saber científico válido.
Origem das demências
Um desarranjo no sistema vascular do cérebro antecede o acúmulo de placas tóxicas (amiloides) e emaranhados de proteínas (tau) no cérebro que marcam as demências em geral e a doença de Alzheimer em particular.
Essa descoberta, feita por uma equipe da Universidade do Sul da Califórnia, indica que pode haver um alvo precoce para prevenir diversos tipos de demência e a doença de Alzheimer, uma notícia muito bem-vinda tendo-se em conta que os cientistas estão cada vez mais incertos sobre a conexão entre o Alzheimer e as placas de beta-amiloide e proteínas tau.
Quase 50% de todas as demências - incluindo Alzheimer - começam com esse dano aos menores vasos sanguíneos do cérebro e suas células protetoras, chamadas pericitos, garantem Axel Montagne e seus colegas.
Doença da substância branca
O dano vascular gera uma falha de comunicação conhecida como "doença dos pequenos vasos". Muitas pessoas com essa doença também têm doença da substância branca, ou leucoaraiose, um desgaste da mielina gordurosa que permite aos neurônios transferir mensagens dentro da rede do cérebro.
A doença da substância branca impede a capacidade de uma pessoa de aprender ou se lembrar de coisas novas, retarda o pensamento e faz com que as pessoas caiam com mais frequência devido a problemas de equilíbrio. Já se sabia que havia uma associação entre danos aos pequenos vasos sanguíneos no cérebro e a doença da substância branca, mas não se sabia até agora o que dava início a esse processo.
"Muitos cientistas têm concentrado suas pesquisas sobre a doença de Alzheimer no acúmulo de proteínas amiloide e tau tóxicas no cérebro, mas [nós demonstramos agora] que o problema começa mais cedo - com vasos sanguíneos com hemorragia no cérebro.
"O colapso dos pericitos - células de controle que cercam os pequenos vasos sanguíneos do cérebro - reduz a mielina e danifica a estrutura da substância branca no cérebro. As disfunções vasculares, incluindo a redução do fluxo sanguíneo e a ruptura da barreira hematoencefálica, provocam a doença da substância branca," disse o Dr. Berislav Zlokovic, coordenador da pesquisa.
Pericitos
O artigo da equipe, publicado na revista Nature Medicine, explica que os pericitos desempenham um papel crítico na saúde e na doença da substância branca através do fibrinogênio, uma proteína que circula no sangue e está envolvida com a cicatrização óssea e com a formação de coágulos sanguíneos que permitem que as feridas cicatrizem.
Quando as células protetoras dos pequenos vasos sanguíneos, os pericitos, ficam por algum motivo comprometidas, uma quantidade insalubre de fibrinogênio chega ao cérebro, causando a morte da substância branca e outras estruturas do cérebro, incluindo os axônios (fibras nervosas) e os oligodendrócitos (células que produzem mielina), disparando o surgimento das demências.
Como o fibrinogênio é essencial e não pode ser eliminado do sangue humano, a equipe pretende agora estudar técnicas para atuar diretamente sobre os pericitos para reforçar os pequenos vasos sanguíneos do cérebro e tentar evitar o início da neurodegeneração.
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