17/03/2021

Para avanços na redução do envelhecimento, cientistas devem olhar além da biologia

Redação do Diário da Saúde

Gerociência

Três estudos científicos publicados simultaneamente chamam a atenção para a necessidade de incorporar as ciências sociais e comportamentais ao estudo dos mecanismos biológicos para retardar o envelhecimento.

Embora a maioria das pesquisas neste campo se concentre nas questões biológicas, na verdade a influência de fatores comportamentais e sociais na velocidade com que as pessoas envelhecem é grande e significativa.

Os três artigos enfatizam como os fatores comportamentais e sociais são intrínsecos ao envelhecimento e que eles podem de fato ser os motores causais do envelhecimento biológico.

No entanto, a gerociência - o estudo de como desacelerar o envelhecimento biológico para estender a expectativa de saúde e a longevidade - tradicionalmente não incorporou pesquisas de ciências sociais ou comportamentais, como aqueles feitos pela sociologia e pela psicologia.

Somos animais, mas sociais

Outro fato destacado pelas equipes é que descobertas biológicas sobre a taxa de envelhecimento em espécies não humanas muitas vezes não são aplicáveis ou se perdem quando as aplicamos aos humanos.

"A passagem do retardar processos fundamentais do envelhecimento em animais de laboratório, para retardar o envelhecimento em humanos, não será tão simples quanto prescrever uma pílula e vê-la funcionar. Comparado ao envelhecimento em animais de laboratório, o envelhecimento humano tem muitas origens comportamentais e sociais, além de origens e influências celulares. Essas influências incluem potenciais alvos de intervenção que são exclusivamente humanos e, portanto, não são facilmente investigados em pesquisas com animais," ressalta a professora Terrie Moffitt, da Universidade Duke (EUA).

Vários desses fatores humanos têm grandes impactos na saúde e na mortalidade: Estresse e adversidades no início da vida, história psiquiátrica, traços de personalidade, inteligência, solidão e conexão social e propósito na vida estão ligados a uma variedade de resultados de saúde na vida adulta. Esses fatores importantes precisam ser levados em consideração para se obter uma previsão significativa do envelhecimento biológico humano.

"A gerociência pode ser reforçada por meio da colaboração com as ciências sociais e comportamentais para realizar a tradução dos modelos animais para humanos e melhorar o projeto de testes clínicos de terapias anti-envelhecimento," disse Moffitt. "É vital que os avanços da gerociência sejam entregues a todos, não apenas aos ricos, porque os indivíduos com baixa escolaridade, baixa renda, experiências adversas na infância e preconceito são as pessoas que envelhecem mais rápido e morrem mais jovens."

Fatores que influenciam o envelhecimento

O conjunto de autores destaca os seguintes fatores sociais que estão associados a resultados ruins quanto ao envelhecimento:

  • Baixo status socioeconômico ao longo da vida, incluindo níveis mais baixos de educação.
  • Adversidade na infância e na idade adulta, incluindo traumas e outras dificuldades.
  • Ser membro de um grupo minoritário.
  • Comportamentos adversos à saúde, incluindo tabagismo, obesidade e problemas com o álcool.
  • Estados psicológicos adversos, como depressão, perspectiva psicológica negativa e estresse crônico.

A lição a se levar para casa, segundos os três estudos, é: Da próxima vez que você ler um estudo sobre o envelhecimento, cujas pesquisas tenham sido feitas exclusivamente com animais, é melhor ler as conclusões com cautela e não transpô-las diretamente para o que pode acontecer com você mesmo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Social hallmarks of aging: Suggestions for geroscience research
Autores: Eileen M.Crimmins
Publicação: Ageing Research Reviews
Vol.: 63, 101136
DOI: 10.1016/j.arr.2020.101136
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