29/07/2021

Natô: Comida japonesa destrói capacidade infecciosa do SARS-CoV-2

Redação do Diário da Saúde
Natô: Comida tradicional japonesa destrói capacidade infecciosa do SARS-CoV-2
Um extrato feito de natô digere o ponto de ligação do SARS-CoV-2 às células, inibindo a capacidade do vírus de infectar as células e causar a covid-19.
[Imagem: Mami Oba et al. - 10.1016/j.bbrc.2021.07.034]

Natô

Natô, um prato de soja fermentada frequentemente servido no café da manhã no Japão, pode ter a resposta para o grande problema do mundo atual, a covid-19, de acordo com um novo estudo feito em cultura de células.

O natô é feito pela fermentação da soja com Bacillus subtilis, uma bactéria encontrada em plantas e no solo.

Em todo o Japão se acredita que o natô contribua para vidas mais longas e saudáveis - o Japão é o país com a maior expectativa de vida do mundo e lar de mais de um quarto da população mundial com 65 anos ou mais.

De fato, os cientistas já confirmaram que o natô, um alimento pegajoso e de cheiro forte, ajuda na prevenção de acidentes vasculares cerebrais e doenças cardíacas.

Agora, eles descobriram que o extrato de natô pode inibir a capacidade infecciosa do vírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19 que assola o mundo inteiro.

Natô contra covid-19

Os pesquisadores prepararam dois extratos de natô, um com calor e outro a frio. Eles aplicaram os extratos em conjuntos de células de bovinos e de humanos cultivadas em laboratório - um conjunto estava infectado com SARS-CoV-2, enquanto o outro conjunto estava infectado com herpesvírus bovino tipo 1 (BHV-1).

Quando tratados com o extrato de natô feito sem calor, o SARS-CoV-2 e o BHV-1 perderam a capacidade de infectar as células. No entanto, nenhum dos dois vírus pareceu ser afetado pelo extrato de natô tratado termicamente.

"Nós descobrimos o que parece ser uma protease, ou proteases - proteínas que metabolizam outras proteínas - no extrato de natô que digere diretamente o receptor de ligação na proteína espícula no SARS-CoV-2," contou o professor Tetsuya Mizutani, da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio, observando que a protease parece se decompor no calor, perdendo a capacidade de digerir proteínas e permitindo que o vírus continue infeccioso.

Encontrar o componente ativo do natô

A proteína espícula fica na superfície do vírus e se liga a um receptor nas células hospedeiras. Com a proteína espícula inativa, o SARS-CoV-2 não consegue infectar células saudáveis.

Os pesquisadores descobriram um efeito semelhante no BHV-1, mostrando que o alimento japonês pode conter a chave para o combate a outras infecções virais.

Embora os resultados sejam promissores, a equipe alerta que mais estudos são necessários para identificar os mecanismos moleculares exatos em ação.

A pesquisa também não fornece nenhuma evidência de redução na infecção viral simplesmente pela ingestão de natô, uma vez que a substância agiu no contato com o vírus.

Quando esses novos estudos conseguirem identificar os componentes ativos e suas funções, os pesquisadores planejam avançar seu trabalho para estudos clínicos em modelos animais.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Natto extract, a Japanese fermented soybean food, directly inhibits viral infections including SARS-CoV-2 in vitro
Autores: Mami Oba, Wen Rongduo, Akatsuki Saito, Tamaki Okabayashi, Tomoko Yokota, Junko Yasuoka, Yoko Sato, Koji Nishifuji, Hitoshi Wake, Yutaka Nibu, Tetsuya Mizutani
Publicação: Biochemical and Biophysical Research Communications
Vol.: 570, Pages 21-25
DOI: 10.1016/j.bbrc.2021.07.034
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