Galectina-3
Um grupo de pesquisadores do Brasil, EUA e Canadá está desvendando as funções desempenhadas por uma molécula, chamada galectina-3, na progressão de alguns tipos de câncer.
"A galectina-3 exerce diversas funções. Essa molécula tem um padrão de expressão compatível com um biomarcador e, em alguns casos, é perdida no processo de evolução de alguns tipos de tumores", disse Roger Chammas, do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
A galectina-3 já é usada como biomarcador cardiológico. O aumento da molécula na circulação, decorrente de seu incremento no miocárdio, permite a identificação de pacientes predispostos a desenvolver insuficiência cardíaca, antes dos surgimentos dos primeiros sintomas.
Glioblastomas e melanomas
Na oncologia, os pesquisadores brasileiros e outros grupos no mundo constataram em estudos clínicos que há um aumento da presença da galectina-3 no plasma sanguíneo de pacientes com tumores metastáticos - cujas células cancerígenas se espalharam para outras partes da região original.
"Estamos vendo que há um aumento da expressão de galectina-3 na circulação de pacientes com diferentes tipos de tumores em estágios avançados, como o de mama e melanoma [câncer de pele]", disse Chammas. "O curioso é que no tumor, em si, a expressão dessa molécula é baixa."
Um estudo realizado por pesquisadores do grupo com pacientes com glioblastoma - um tumor do sistema nervoso central - mostrou que a galectina-3 acumula-se em células do tumor com baixa oxigenação e privadas de nutrientes, favorecendo a sobrevivência e a migração delas.
Já em melanomas, a expressão da molécula diminui à medida que o câncer evolui, a despeito de aumentar na circulação dos pacientes. "A galectina-3 está envolvida em uma série de processos biológicos e não é apenas um biomarcador para diversos estados patológicos, como também é um alvo para intervenção terapêutica", avaliou Chammas.
Momento certo
Mas nem sempre o tumor depende da molécula para se desenvolver.
"Estamos observando que o tumor depende da galectina-3 em momentos específicos de seu desenvolvimento", disse Chammas. "O problema é perceber qual o momento certo para intervir nas funções desempenhadas pela galectina-3 na progressão dos tumores e, consequentemente, começar e parar o tratamento dos pacientes."
Outro problema, segundo Chammas, é que, como a galectina-3 desempenha diversas funções durante a progressão do tumor, nem sempre é útil inibir e usar a molécula como alvo terapêutico.
"Precisamos identificar com precisão qual o melhor momento de intervir no funcionamento da galectina-3 para não causar efeitos adversos nos pacientes", avaliou.
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