Risco de hemorragias graves
Se você nunca teve um ataque cardíaco ou derrame, provavelmente não deve tomar aspirina para evitá-los, de acordo com uma nova pesquisa sobre esse tema controverso - como já havia sido demonstrado que a aspirina não previne ataques cardíacos em todos os pacientes e há prós e contras em tomar aspirina preventivamente contra câncer.
Os pesquisadores revisaram três grandes estudos randomizados, controlados por placebo, publicados em 2018, que mostraram que o aumento no risco de sangramento interno associado à ingestão de aspirina diariamente é maior do que qualquer benefício preventivo.
"Esta é a evidência de mudança de prática mais significativa que foi publicada nestes últimos doze meses," disse o professor Michael Kolber, da Universidade de Alberta (Canadá), que fez a revisão de procedimentos com seu colega Paul Fritsch, da Universidade de Calgary.
"Estes não são sangramentos nasais ou gengivas que sangram. São sangramentos internos sérios, onde os pacientes precisam de hospitalização e talvez uma transfusão de sangue, por isso são de grande importância clínica e também pessoal," acrescentou Fritsch.
Um dos ensaios clínicos também revelou um aumento nas mortes por todas as causas e, em particular, pelas mortes por câncer, entre os pacientes que tomaram aspirina preventivamente em doses diárias, embora não tenham estabelecido uma relação causal.
Quem deve e quem não deve tomar aspirina preventivamente
O conselho de tomar uma aspirina diária para prevenir doenças cardíacas tornou-se dogma nos anos 90, mas foi baseado em pesquisas falhas, ressalta Kolber.
Ele reconhece, contudo, que a aspirina ainda é considerada benéfica para quem tem doenças cardíacas.
"Realmente vemos um hiato [nos efeitos] da aspirina," disse Kolber. "Há muitas pessoas que tomam aspirina para prevenção primária que não precisam dela, e há um grupo de pessoas que já tem doenças cardiovasculares que não estão tomando, e deveriam tomar."
O conselho de Kolber é que pessoas que nunca tiveram problemas cardíacos usem outras medidas preventivas.
"Em vez de apenas tomar uma aspirina diária como ensinamos há uma geração, recomendamos que os pacientes parem de fumar, se exercitem, controlem a pressão arterial e considerem a dieta mediterrânea," afirmou.
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