Medicina mente-corpo
O número mais recente do renomado New England Journal of Medicine traz um artigo de opinião em que pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts e da Universidade da Califórnia pedem um uso mais amplo das práticas conhecidas como "medicina mente-corpo".
Em uma época em que a meditação, a ioga e a atenção plena não apenas geram uma quantidade imensa de artigos científicos, mas até mesmo justificam o lançamento de periódicos acadêmicos exclusivos, os especialistas das duas instituições enfatizam a necessidade de integrar totalmente essas práticas nos planos de tratamento dos pacientes e na pesquisa médica.
Como exemplo, a equipe cita que o estresse agrava a ansiedade e a depressão e desempenha um papel em condições como doenças cardiovasculares, distúrbios autoimunes, síndrome do intestino irritável, dores de cabeça e dores crônicas.
"Ao reduzir a resposta ao estresse do corpo, as práticas mente-corpo podem ser um complemento poderoso na medicina, ajudando a diminuir os sintomas dos pacientes e a melhorar sua qualidade de vida," disse a Dra Michelle Dossett, membro do painel de especialistas.
Dossett também observou que as práticas mente-corpo podem ser úteis na redução do estresse relacionado ao distanciamento social gerado pela epidemia de covid-19.
Resposta ao relaxamento
Apesar do recente aumento de popularidade entre o público em geral, a medicina mente-corpo não é nova. As primeiras pesquisas sobre as vantagens dessas técnicas datam de mais de 40 anos, quando Herbert Benson se tornou um dos primeiros médicos ocidentais a trazer técnicas de espiritualidade e cura para dentro dos cursos de medicina, a começar pelo trabalho com a agora bem conhecida técnica de "resposta ao relaxamento".
"A resposta ao relaxamento", afirmou Benson na época, "é uma capacidade inata e anti-estresse que transcende as diferenças que separam a mente do corpo, a ciência da espiritualidade e uma cultura da outra".
Tripé da saúde
A medicina mente-corpo já é amplamente reconhecida como a terceira perna de um tripé: a primeira perna é a cirurgia, a segunda são os fármacos e a terceira é o autocuidado, em que os pacientes aprendem técnicas para melhorar sua própria saúde através da medicina mente-corpo, da nutrição e das atividades físicas.
"A medicina ocidental produziu benefícios revolucionários à saúde por meio de avanços em farmacoterapias e procedimentos," escreveram os pesquisadores. "Ela agora enfrenta enormes desafios na luta contra doenças não transmissíveis relacionadas ao estresse... A dor crônica, muitas vezes perpetuada pelo estresse psicossocial, tornou-se uma epidemia que nosso arsenal farmacêutico está mal equipado para tratar e os custos médicos continuam subindo. As terapias mente-corpo podem ser um auxiliar útil no gerenciamento da dor crônica e outras doenças não transmissíveis relacionadas ao estresse, promovendo a resiliência por meio do autocuidado."
O artigo também aborda as noções preconceituosas dos médicos e pacientes céticos sobre a medicina mente-corpo, bem como as barreiras previstas para a cobertura de serviços e a educação do médico sobre o uso apropriado dessas ferramentas.
Esses desafios reforçam ainda mais a necessidade de pesquisa e investimento contínuos no desenvolvimento e implementação de práticas personalizadas para maximizar seu potencial de saúde pública, escrevem os especialistas.
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