23/06/2008

Medicamento indicado para câncer de mama reduz mioma uterino

Agência USP

Miomas uterinos

Pesquisa realizada pelo setor de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) mostra que o inibidor de aromatase, medicamento indicado na terapia complementar do câncer de mama, é eficaz no tratamento de mulheres com miomas uterinos. Os médicos constataram redução de até 30% no tamanho dos tumores, que se desenvolvem na musculatura do útero, em forma de nódulos.

Os sintomas relacionados à doença também apresentaram melhoras significativas com o medicamento. O estudo envolveu 20 mulheres, com idade entre 35 e 45 anos, sem desejo reprodutivo e volume uterino compatível com uma gestação de 16 a 20 semanas. No período de 90 dias, essas mulheres receberam o medicamento que inibe a ação da enzima aromatase, a qual transforma a testosterona em estrogênio, o hormônio responsável pelo crescimento do mioma.

Estrogênio

O estrogênio é produzido nos ovários. Células do mioma também são capazes de produzir estrogênio local, a partir de androstenediona, o que é suficiente para promover seu próprio crescimento. Segundo o autor do estudo, Sandro Garcia Hilário, os resultados foram animadores e abrem perspectivas otimistas para o uso do inibidor de aromatase em novos tratamentos de doenças estrogênio-dependentes (miomas e endometriose).

Sangramentos, cólicas e dores

Para o professor Nilo Bozzini, orientador do trabalho, a indicação terapêutica poderá beneficiar mulheres, em idade reprodutiva, que sofrem com sangramentos, fortes cólicas e dores na relação sexual - queixas mais comuns da doença. "A diminuição dos sintomas e do volume do tumor propicia melhores condições clínicas para uma cirurgia de retirada de mioma mais segura", enfatiza.

Menopausa transitória

Atualmente, o tratamento para redução de miomas é feito com terapia que induz um estado de menopausa "transitória", uma condição em que o organismo apresenta baixo nível sanguíneo de estradiol, com decréscimo do volume do conjunto útero e mioma. O maior desconforto desse tipo de tratamento é o surgimento de ondas de calor, secura vaginal, insônia, irritabilidade, dores nas articulações, sintomas não acusados em mulheres que foram medicadas com o inibidor de aromatase, conforme aponta o estudo.

No entanto, alerta Bozzini, "esses tratamentos clínicos não excluem a realização de miomectomia, cirurgia para retirada dos miomas que preserva o útero."

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