23/03/2021

Medicamento para parar de fumar trata mal de Parkinson em mulheres

Redação do Diário da Saúde
Medicamento anti-tabagismo trata mal de Parkinson em mulheres
Surpreendentemente, o efeito de proteção contra Parkinson só parece funcionar para as mulheres.
[Imagem: Free-Photos/Pixabay]

Citisina

Um medicamento para parar de fumar pode ser a primeira opção para tratar mulheres com doença de Parkinson, com potencial até mesmo para interromper totalmente a progressão da doença.

O medicamento, chamado citisina, comumente usado na Europa, reduziu a perda de neurônios dopaminérgicos nas mulheres.

Atualmente, não há cura para o mal de Parkinson e nenhum tratamento que possa parar ou prevenir a perda desses neurônios dopaminérgicos, necessários para o corpo se mover.

Os sintomas da doença de Parkinson começam a se desenvolver quando pelo menos 50% dos neurônios de dopamina no cérebro de um indivíduo estão mortos ou debilitados.

Infelizmente, a citisina não produziu os mesmo efeitos nos homens.

Fumantes e Parkinson

Cerca de uma década atrás, o professor Rahul Srinivasan, da Universidade do Texas A&M (EUA), ficou interessado em tentar entender por que fumantes e pessoas que consomem tabaco cronicamente têm menor risco de desenvolver a doença de Parkinson.

"Com base em estudos epidemiológicos, esse fenômeno é conhecido há cerca de 60 anos," explicou Srinivasan. "Mas as pessoas realmente não entendem por que isso acontece, porque o tabaco e a fumaça contêm muitos compostos químicos diferentes.

"Um dos compostos químicos obviamente é a nicotina, e isso explica as propriedades viciantes do tabaco e da fumaça do cigarro. Então, comecei a estudar o potencial papel da nicotina neste efeito protetor contra a doença de Parkinson," acrescentou.

Simulador de nicotina

Dado o fato de que é muito difícil realizar testes em humanos e animais usando nicotina, devido aos graves efeitos colaterais, Srinivasan decidiu testar a citisina como um substituto da nicotina. A citisina é uma droga para parar de fumar com propriedades semelhantes à nicotina, mas com muito poucos efeitos colaterais em pessoas.

"O que a citisina faz é se ligar aos receptores alvo, mas não os ativa com a mesma eficiência que a nicotina," explicou Srinivasan. "Ela mantém os receptores 'ocupados' e os 'acompanha' até a superfície do neurônio. Como a citisina é um composto natural, está disponível quase gratuitamente e é muito barato."

A citisina ocorre naturalmente em uma variedade de plantas.

Só para mulheres

Em modelos animais, houve um efeito protetor tanto em termos de redução dos comportamentos parkinsonianos, quanto em termos de redução do número de neurônios dopaminérgicos perdidos.

No entanto, o efeito protetor da citisina ocorreu apenas em modelos animais fêmeas, e não nos machos.

Os pesquisadores descobriram que a combinação de citisina e estrogênio produz um efeito protetor mais forte do que a citisina e nenhum estrogênio. Isso explica porque o efeito só ocorreu em modelos animais fêmeas, uma vez que os machos não possuem quantidades apreciáveis de estrogênio.

Embora as descobertas atualmente só se apliquem a mulheres, Srinivasan espera encontrar soluções para homens e mulheres na pós-menopausa também.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Cytisine is neuroprotective in female but not male 6?hydroxydopamine lesioned parkinsonian mice and acts in combination with 17-estradiol
Autores: Sara M. Zarate, Gauri Pandey, Sunanda Chilukuri, Jose A. Garcia, Brittany Cude, Shannon Storey, Nihal A. Salem, Eric A. Bancroft, Michelle Hook, Rahul Srinivasan
Publicação: Journal of Neurochemistry
DOI: 10.1111/jnc.15282
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