Violência problemática
A cada tragédia como a ocorrida na última sexta-feira na escola primária de Sandy Hook, no Estado americano de Connecticut, especialistas reúnem para tentar explicar a quantidade desses casos na maior potência do planeta.
Desta vez, três fatores estão sendo levantados: o fácil acesso às armas no país, a glorificação da violência e a falta de investimentos na saúde mental da população.
Segundo Allen McConnell, professor de Psicologia da Universidade de Miami, fatores sociais e psicopatológicos podem fazer com que uma pessoa normal se sinta frustrada e adote um tipo de conduta agressiva.
"Tragédias como a que vimos podem acontecer em qualquer lugar, mas há provavelmente um número de aspectos e modelos da cultura americana que tornam tais incidentes mais frequentes no país," afirma McConnell.
Armas para tudo
"Não se pode matar alguém com uma arma se o acesso a ela é limitado. Porém, com certeza, não podemos explicar essa tragédia apenas sob o prisma da disponibilidade de armas, mas também de uma cultura que incentiva o porte de armas como solução para todos os problemas", explica McConnell.
"É uma espécie de mentalidade Rambo, ou Call of Duty (em alusão ao jogo de mesmo nome), como forma de resolver conflitos", compara.
É assim que os norte-americanos se vangloriam de resolver seus próprios problemas e os do resto do mundo, problemas que os próprios cidadãos comuns norte-americanos nem sempre conhecem ou compreendem, mas que os leva a também quererem ter armas caso as ameaças surjam na sua vizinhança.
Segundo McConnell, o individualismo da sociedade americana associado ao fascínio da população por armas se misturam e formam um terreno fértil para o aparecimento de figuras como a do atirador da Sandy Hook School.
Direito à violência
McConnell reconhece, entretanto, que, em um país de mais de 300 milhões de pessoas, é perigoso generalizar e concluir que tais assassinatos são um sintoma de uma sociedade "doente".
De qualquer forma, há um consenso de que se o acesso a armas fosse limitado ou melhor supervisionado, o número de tragédias como a de Newtown poderia ser largamente reduzido.
Os norte-americanos consideram um direito fundamental possuir armas em casa para autodefesa, não apenas para a caça ou para o esporte.
Este direito está registrado na chamada Segunda Emenda da Constituição norte-americana, o documento político mais venerado nos EUA.
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