Mistérios do envelhecimento
O envelhecimento é um dos processos mais misteriosos da biologia.
Nós sabemos com certeza como o envelhecimento termina, mas, seja por curiosidade, por mero costume cultural ou mesmo por sentimentos mórbidos, todos querem saber "do que o fulano morreu".
Para tornar as coisas ainda mais inescrutáveis, o momento da morte é determinado por fatores que são, na maior parte dos casos, estatisticamente aleatórios.
Assim, cientificamente falando, não sabemos o que é o envelhecimento e não sabemos o que vai desencadear seu fim inexorável.
Mas isto não significa que os cientistas não fiquem incomodados com essa falta de respostas ou parem de ficar tentando construir suas teorias.
"Aleatoriedade regular"
Nicholas Stroustrup e Walter Fontana, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), por exemplo, acreditam ter encontrado uma confirmação definitiva dessa aleatoriedade estatística dos fatores que levam à morte.
Segundo eles, há uma "regularidade estatística surpreendente na forma como uma variedade de fatores genéticos e ambientais afetam a vida" e acabam resultando na morte - algo como "nenhum fator se mostrou mais importante". Ao menos não no caso do verme Caenorhabditis elegans, o modelo animal preferido dos cientistas para os estudos do envelhecimento.
Máquina da Longevidade
Para estudar a dinâmica da longevidade ao nível da população dos bichinhos, os dois pesquisadores idealizaram o que eles chamam de "Máquina da Longevidade", ou "Máquina da Expectativa de Vida".
A máquina consiste em 50 escâneres de mesa como os que a maioria das pessoas tem conectados aos seus computadores.
Cada escâner foi adaptado para monitorar 16 placas de Petri a cada hora, totalizando 800 pratos e 30.000 vermes. Os escâneres capturam imagens em 3.200 dpi, uma resolução suficientemente alta para detectar movimentos de oito micrômetros, ou cerca de 12% do tamanho do corpo de cada verme.
Assim, a dupla pode alterar seletivamente múltiplos fatores que interferem com a vida dos C. Elegans, incluindo mudanças de temperatura, estresse oxidativo, alterações na dieta e manipulações genéticas que alteraram, por exemplo, a sinalização do fator de crescimento insulina.
A Máquina da Longevidade registrou o tempo que levou para os vermes morrerem em cada condição, permitindo que os pesquisadores agregassem os dados, fizessem curvas de distribuição de tempo de vida geradas para cada intervenção e comparassem os resultados.
Teia da vida
Sem nenhuma surpresa, os resultados indicam que o envelhecimento não tem uma única causa molecular, sendo um processo sistêmico que envolve muitos componentes dentro de uma rede biológica complexa.
Basta perturbar qualquer nó nessa teia da vida, e você afetará a coisa toda. Ou seja, diferentes circunstâncias geram diferentes expectativas de vida.
Assim, o estudo publicado na revista Nature significa uma alternativa de interpretação em relação às pesquisas que insistem em procurar um mecanismo mestre para o envelhecimento, como a homeostase das proteínas ou danos ao DNA.
"Há muitas mudanças moleculares importantes que ocorrem com a idade, mas pode não fazer sentido chamar qualquer um deles de 'causa do envelhecimento'," disse Stroustrup.
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