Fumo e não largo
Cerca de 24,6 milhões de brasileiros com mais de 15 anos são fumantes. A maioria é de homens, tem entre 25 e 44 anos, é preta ou parda, vive em áreas rurais, predominantemente na Região Sul e não tem a intenção de largar o hábito no curto prazo.
As informações são da Pesquisa Especial do Tabagismo, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma publicação inédita que usou metodologia internacional com objetivo de auxiliar em políticas de combate ao fumo.
Fumando desde cedo
De acordo com o documento, os fumantes no país gastam, em média, R$ 78 por mês com o vício. Cerca de 87% fumam regularmente, consomem entre 15 e 24 unidades por dia e o primeiro cigarro costuma ser acesso entre os seis e 30 minutos depois de acordar.
A maioria começou a fumar entre 17 e 19 anos. Atualmente, a faixa de 25 e 44 anos concentra 42% do percentual de fumantes e o número de homens é o dobro do de mulheres. Em 2008, eles somavam 14,8 milhões de fumantes (21,6% da população masculina) e as mulheres eram 9,8 milhões (13,1% das mulheres). Quanto à raça, predominam pretos (19%) e pardos (15,3%).
De acordo com o nível de instrução, as proporções mais expressivas de fumantes estavam entre aqueles sem nenhum tipo de estudo ou com pelo menos um ano de escolarização (25,7%). Quanto à renda, 70% vivia com até um salário mínimo.
Fatores socioeconômicos e culturais
De acordo com uma das responsáveis pela pesquisa, Marcia Quintslr, o fumo está ligado a fatores socioeconômicos e não somente culturais. "Ficou claro na pesquisa que os fumantes se apresentam em maior percentual entre aqueles com menor escolaridade e rendimentos", destacou.
A Região Sul apresentou o percentual mais elevado de fumantes, 19%. Menos pessoas fumam no Centro-Oeste (16,6%) e no Sudeste (16,7%). Dos 10,4 milhões de fumantes da Região Sudeste, a maioria (20,4%) está na área rural.
Sem intenção de parar
A maioria das pessoas que fuma no país conhece os malefícios desse hábito, mas não tem intenção de deixar o tabaco a curto prazo.
Segundo o documento, 93% dos 24,6 milhões de fumantes brasileiros conhecem os malefícios do produto, como o câncer de pulmão, o ataque cardíaco e o derrame. No entanto, cerca de 47% não pensavam em largar o hábito na data da entrevista e 33,5% até pensavam nisso, mas não nos próximos 12 meses.
Segundo Marcia, o fato de os fumantes saberem dos malefícios à saúde causados pelo tabaco e mesmo assim não desejarem parar de fumar deve ser alvo de mais estudos. "Os especialistas têm que se debruçar sobre isso", avaliou.
Ajuda para parar de fumar
A pesquisa também destacou que 6,7% tentaram abandonar o vício com ajuda de remédios e 15,2% com ajuda de profissionais de saúde. Do total de fumantes entrevistados, 45,6% informaram que fizeram algum tipo de tentativa.
A pesquisa também mostra que para a decisão de parar de fumar, os fumantes se motivam com campanhas antitabagistas. Os rótulos de advertência nos maços levaram 65% de fumantes a deixar o vício, um ano antes da pesquisa.
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