04/12/2009

Ingestão de fibras é pior entre adolescentes e na classe D

Marina Bittencourt
Ingestão de fibras é pior entre adolescentes e na classe D
O baixo nível socioeconômico tem associação direta com a ingestão inadequada de fibras em todos os grupos populacionais.
[Imagem: Fiocruz]

Benefícios das fibras alimentares

A frequência de consumo de alimentos ricos em fibras está associada a características socioeconômicas, demográficas e comportamentais, segundo pesquisa realizada na Fiocruz pelas pesquisadoras Samanta Winck Madruga, Cora Luiza Araújo e Andréa Dâmasco Bertoldi.

Um dado importante percebido foi que o baixo nível socioeconômico tem associação direta com a ingestão inadequada de fibras em todos os grupos populacionais.

Doenças crônicas estão se alastrando mundialmente e uma dieta balanceada é essencial para a prevenção e a saúde. As fibras têm um papel especial no metabolismo, reduzindo glicemia e níveis de colesterol.

Consumo inadequado de fibras

Existem poucos estudos realizados para investigar o consumo de fibras na dieta da população. Este trabalho de campo foi realizado em Pelotas (RS), cidade de 330 mil habitantes, cuja economia é baseada na produção de arroz.

A distribuição de grupos etários e de gênero de Pelotas é semelhante à do resto do país, compondo uma amostra representativa da população brasileira.

Nas quase 4 mil entrevistas, os pesquisadores identificaram 65,6% de consumo inadequado de alimentos fontes de fibra.

Grupos de risco

Com uma análise mais minuciosa, percebeu-se um risco maior de consumo inadequado em homens, adolescentes, pessoas de nível socioeconômico baixo, fumantes, sedentários e pessoas que fazem menos de quatro refeições diárias.

Uma análise por grupos de idade mostrou que, entre adolescentes, morar sozinho é um fator de risco; entre adultos, os fatores de risco são gênero (masculino), tabagismo, sedentarismo e menos de quatro refeições diárias. Já entre os idosos, os fatores foram gênero (masculino) e tabagismo.

Alimentação para adolescentes

O estudo conclui que, apesar da população como um todo ingerir fibras inadequadamente, os adolescentes correm maior risco de ter uma alimentação pobre. Isso indica a necessidade de ações em saúde pública voltadas a esse grupo.

As autoras também mostram que já foram realizados dois estudos com adolescentes no Brasil e ambos constataram consumo insuficiente de fibras, sendo que uma das pesquisas relacionou o dado com consumo inabitual de feijão e ingestão em excesso de gordura.

Acredita-se que a idade seja um fator que melhore os hábitos alimentares já que, quanto mais avançada a idade, maior o consumo de fibras - ainda assim, metade dos idosos apresentou ingestão inadequada de alimentos ricos em fibras.

As pesquisadoras defendem que ações com foco nos adolescentes devem resultar, ao longo do tempo, em benefícios a todos os grupos de idade.

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