Implante do tamanho de grão de arroz combate câncer do pâncreas

Mesmo sendo colocado diretamente sobre um tumor, o implante também teve efeito sobre outros focos da doença.
[Imagem: Houston Methodist]

Promissora, mas perigosa

O câncer de pâncreas é um dos mais agressivos e difíceis de tratar, sobretudo porque é muito difícil de diagnosticar - de fato, cerca de 85% dos pacientes já apresentam metástase quando são diagnosticados.

É por isso que um dispositivo menor do que um grão de arroz está trazendo tanto entusiasmo na comunidade médica.

O pequeno aparelho aplica a imunoterapia diretamente no tumor. Os primeiros resultados, de testes feitos em camundongos, mostraram uma redução do tumor em uma dosagem quatro vezes menor do que o tratamento de imunoterapia sistêmica tradicional.

Usar o próprio sistema imunológico de uma pessoa para tratar o câncer é um avanço científico que tem chamado muito a atenção, mas as terapias desenvolvidas até agora são largamente ineficientes, o que torna a imunoterapia muito controversa.

Uma das suspeitas dos cientistas é que poderia haver um maior número de pacientes beneficiados se as doses dos medicamentos fossem menores, evitando os muitos efeitos colaterais, alguns dos quais podem perdurar pelo resto da vida do paciente.

Esquema do implante, até agora só testado em animais.
[Imagem: Hsuan-Chen Liu et al. - 10.1002/advs.202206873]

Aplicação local da imunoterapia

É para isso que uma equipe do Instituto de Pesquisas Metodista de Houston (EUA) está desenvolvendo um biochip contendo um reservatório para o medicamento e uma parede repleta de nanocanais, criando assim uma membrana que permite a liberação controlada da droga diretamente no tumor.

"Uma das descobertas mais empolgantes foi que, embora o dispositivo tenha sido inserido apenas em um dos dois tumores no mesmo modelo animal, notamos o encolhimento [também] do tumor sem o dispositivo," disse a professora Corrine Ying Chua. "Isso significa que o tratamento local com imunoterapia foi capaz de ativar a resposta imune para atingir outros tumores. Na verdade, um modelo animal permaneceu livre de tumor durante os 100 dias de observação contínua".

Pesquisas laboratoriais adicionais estão em andamento para determinar a eficácia e a segurança dessa tecnologia de entrega de medicamento, mas os pesquisadores estimam que seu biochip pode se tornar uma opção viável para pacientes com câncer do pâncreas nos próximos cinco anos.