Política e compaixão
É bem sabido que uma imagem forte pode evocar uma resposta emocional também forte.
Mas será que uma imagem é capaz de influenciar a opinião política de um indivíduo a ponto de fazê-lo mudar de ideia?
Tom Powell, Claes de Vreese e Hajo Boomgaarden, pesquisadores da Universidade de Amsterdã (Holanda), decidiram checar isto, para verificar se o dito popular de que uma imagem vale mais do que mil palavras vale também para as posturas ideológicas.
Parece que não - ao menos não a imagem sozinha, sem nenhum texto associado, concluíram eles.
O que se verificou é que as imagens que ilustram notícias podem desencadear atos de compaixão, mas quando se trata da formação de pontos de vista políticos, nada supera um bom texto.
Imagens, artigos e vídeos
A equipe fez vários experimentos nos quais os voluntários foram expostos a histórias de alto impacto em temas emotivos, como a crise europeia de refugiados e a intervenção militar em conflitos estrangeiros. Os participantes viam várias combinações de imagem e texto em formato de artigos e de vídeos. Posteriormente, eles davam suas opiniões e comportamentos em relação a esses tópicos.
As imagens mostraram-se particularmente boas para evocar emoções - simpatia pelos refugiados, por exemplo - e, por sua vez, desencadear comportamentos como doar dinheiro ou assinar uma petição a favor dessas pessoas.
No entanto, as imagens não se mostraram capazes de mudar as opiniões a longo prazo. Em vez disso, os experimentos mostraram que o texto é melhor para mudar essas opiniões, provavelmente porque requer mais engajamento por parte do leitor e, por sua vez, o envolve no assunto.
Jornal é melhor que TV?
"Nós também descobrimos que ver uma notícia sobre, digamos, a crise dos refugiados, em um artigo noticioso, encorajou as pessoas a ajudar os refugiados mais do que vê-la em formato de vídeo. Mais uma vez, nossos resultados sugerem que, no geral, quando as pessoas leem notícias, elas se envolvem mais com ela do que se a assistirem.
"[...] Imagens 'poderosas' podem atrair as pessoas para a notícia, mas os cidadãos não serão completamente conquistados por elas - é como as imagens se combinam com as palavras e com o conhecimento prévio da audiência o que realmente importa," concluiu Powell.
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