22/09/2009

Hábitos alimentares são mais importantes que gene da obesidade

Redação do Diário da Saúde
Hábitos alimentares são mais importantes que gene da obesidade
"Isto mostra que nós não somos escravos dos nossos genes. Mesmo se tivermos nascido com uma predisposição hereditária para a obesidade, o estilo de vida é que é o determinante."
[Imagem: Roberta F./Wikimedia]

Genética e alimentação

A genética demonstrou que o risco de se tornar obeso é 2,5 vezes mais alta para as pessoas que têm cópias duplas de um gene que hoje é considerado o mais importante quando o assunto é a predisposição para o sobrepeso e a obesidade.

Entretanto, isto somente é verdade se a pessoa que tem essa predisposição genética consumir elevados teores de gordura. Uma dieta de baixa caloria neutraliza os efeitos danosos desse gene e mesmo de sua apresentação dupla, chamada variante de risco.

"Isto significa que o fator crítico é o que você come. Pelo menos do caso do gene FTO, o mais importante gene associado à obesidade que já foi descoberto," diz Emily Sonestedt, pesquisadora da Universidade Lund (Suécia).

Emily é a principal autora de um estudo que apresenta estas conclusões e que acaba de ser publicado no Journal of Clinical Nutrition.

Gene da obesidade

O gene FTO age no hipotálamo, a parte do cérebro que regula o apetite e a saciedade, e a variante de risco tem sido associada a uma maior ingestão de calorias, especialmente na forma de gorduras.

Vários estudos descobriram que os exercícios físicos diminuem os efeitos do chamado "gene da obesidade". Mas esta é a primeira pesquisa a analisar os efeitos do gene em associação com os hábitos alimentares.

A variante de risco do gene FTO, associado à massa corporal e à obesidade, é comum na população em geral. 17% da população tem cópias duplas do gene, o que significa que estas pessoas herdaram o gene do pai e da mãe. Outros 40% da população têm uma cópia única do gene FTO.

Derrotando os genes

"É difícil calcular o número de pessoas que comem corretamente, o que é a principal razão pela qual ninguém havia pesquisado isto antes. Mas nós temos dados muito bons a respeito," disse Emily, referindo a um estudo sobre dietas e câncer que pesquisou detalhadamente os hábitos alimentares de um número significativo de pessoas por meio de um longo questionário e de entrevistas, elaborando um relatório exaustivo dos hábitos alimentares dos participantes.

Quando os hábitos alimentares foram cruzados com a presença das cópias duplas do gene FTO, o padrão foi muito claro. O risco de obesidade aumenta dramaticamente somente no caso de uma elevada ingestão de gordura na alimentação, e não pela simples presença do gene da obesidade.

"Sim, para aqueles que tinham uma dieta onde menos de 40% da energia consumida vinha de gorduras, a obesidade não era comum mesmo na presença do risco genético," diz a pesquisadora.

Não somos escravos dos nossos genes

"Isto mostra que nós não somos escravos dos nossos genes. Mesmo se tivermos nascido com uma predisposição hereditária para a obesidade, o estilo de vida é que é o determinante," conclui a pesquisadora.

Outra pesquisa que questiona a importância do gene da obesidade afirma que a obesidade está ligada à insulina, e não aos genes.

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