12/06/2009

E quem foi que disse que frio dá preguiça?

Dr. Ricardo Teixeira

Frio psicológico e frio fisiológico

Do ponto de vista psicológico, clima frio é aquele nos provoca a sensação de frio ou até mesmo desconforto. Do ponto de vista fisiológico, clima frio (ou quente) é aquele que chega a alterar nosso sistema de regulação de temperatura.

Podemos dizer que esse nosso termostato funciona em "marcha lenta" em ambientes com temperaturas de 25-27º C, não disparando reações de aumento do metabolismo no caso do frio ou de transpiração no caso do calor.

A inteligência maior dessa regulação encontra-se em um centro profundo do cérebro, o hipotálamo, e é ele que comanda nossas reações de suor, calafrios e constrição ou vasodilatação dos vasos sanguíneos em resposta à temperatura ambiente.

Melhor desempenho intelectual no frio

Sabemos que tanto o frio como o calor exagerados podem influenciar negativamente nossas habilidades mentais, e um balanço geral dos estudos existentes sugere que o frio exagerado tende a atrapalhar mais.

Entretanto, alguns estudos também nos mostram que o frio leve/moderado pode melhorar nosso desempenho intelectual. Duas principais teorias explicam o efeito do frio sobre nossas habilidades cognitivas.

A primeira é do "efeito distração" que o desconforto associado ao frio pode causar, ao desviar nossa atenção da tarefa que estamos efetuando. A outra teoria defende a idéia de que o frio leve/moderado deixa-nos mais acordados, e o maior estado de vigília permite um melhor desempenho do nosso cérebro. Evidências neurofisiológicas apóiam essa hipótese, ao mostrar que a atividade elétrica cerebral no frio leve/moderado é mais "esperta".

Luminosidade

O frio pode reduzir nosso nível de vigília, nossa concentração e memória de curto prazo, entre outras funções cognitivas, especialmente em temperaturas abaixo de 10º C.

No caso de hipotermia, ou seja, em situações de frio extremo em que a temperatura corporal chega a níveis inferiores a 35º C, pode-se observar sintomas de confusão mental e redução da vigília.

O efeito do inverno sobre nosso comportamento também pode ter uma parcela de contribuição do fator luminosidade. Em países muito ao sul ou muito ao norte, o inverno vem acompanhado de pouca luz por conta de dias muito curtos, fenômeno que é bem reconhecido como fator que aumenta a freqüência de sintomas depressivos nessa estação. E depressão é igual a cérebro menos eficiente.

Há evidências também que as concentrações dos hormônios da tiróide estão reduzidas em invernos rigorosos. E hormônios da tiróide são combustíveis importantes para o cérebro.

Evite o desconforto do frio

Até o momento, a melhor dica para nosso cérebro curtir o frio com boa performance é a de nos agasalharmos bem para não ficarmos distraídos com o desconforto do frio. No ambiente de trabalho, o ar condicionado simulando uma câmara frigorífica pode ser um fator de distração. Viver o inverno sem ficarmos lembrando que está frio pode até deixar o cérebro mais ligado. Um cafezinho vai muito bem também.

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