Malária na gravidez
A infecção pelo parasita causador da malária durante a gravidez pode não apenas aumentar o risco de aborto e de parto prematuro, como também prejudicar o crescimento do feto no útero, deixando a criança mais suscetível a morrer nos primeiros meses de vida e a desenvolver doenças na vida adulta.
O pesquisador brasileiro Renato Barboza e seus colegas da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e da USP descobriram que é possível prevenir todas essas complicações da malária gestacional impedindo a ativação de um receptor específico existente nas células da placenta: o TLR4 (receptor do tipo Toll-4).
Durante a gestação, os protozoários do gênero Plasmodium tendem a se acumular na placenta - região com alta irrigação sanguínea. É essa inflamação na placenta que impede a passagem de quantidades adequadas de oxigênio e nutrientes para o feto.
Mesmo após a infecção ser debelada pelo tratamento com drogas antiparasitárias, a inflamação pode persistir até o fim da gestação, uma vez que fragmentos do parasita ficam depositados no tecido, podendo ativar os receptores TLR4.
"Foi demonstrado que o tratamento padrão, feito apenas com antiparasitários, não é suficiente para evitar as complicações da malária gestacional. Nossa proposta não é substituir esses medicamentos e sim acrescentar ao esquema terapêutico fármacos capazes de impedir a ativação de TLR4," disse o professor Cláudio Marinho, coordenador do trabalho.
Bloqueador de TLR4
Em testes feitos com camundongos, a estratégia mostrou-se bem-sucedida. O tratamento com a droga experimental IAXO-101, que atua bloqueando o TLR4, evitou que as fêmeas infectadas pelo Plasmodium berghei desenvolvessem lesões placentárias e possibilitou que a prole nascesse com a mesma média de peso observada nos animais do grupo controle (não infectados).
Já os filhotes das fêmeas infectadas e tratadas apenas com placebo apresentaram no nascimento uma redução de peso que variou de 20% a 30% quando comparados ao controle. Além disso, o tratamento com IAXO-101 também reduziu no sangue materno os níveis de uma molécula inflamatória conhecida como TNF-α (fator de necrose tumoral alfa), considerada danosa durante a gestação.
Nesses primeiros testes com animais, a substância mostrou-se segura e não apresentou efeitos para a prole mesmo nas fêmeas não infectadas.
"Atualmente, não há drogas aprovadas para uso humano que sejam capazes de bloquear TLR4. E ainda serão necessários mais estudos com animais para garantir a segurança de um teste clínico com IAXO-101 ou qualquer outra molécula capaz de inibir TLR4," ressaltou o pesquisador.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Desenvolvimento de Medicamentos | Gravidez | Infecções | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.