Os tão recomendados "exames preventivos" ou "exames de rotina" - os médicos os chamam de rastreio ou triagem - não necessariamente salvam vidas.
Esta conclusão surpreendente é fruto de um estudo realizado por uma equipe da Universidade de Stanford (EUA), liderada pelo epidemiologista John Ioannidis, e publicado na revista científica International Journal of Epidemiology.
Exames salvam vidas?
A teoria usada até hoje parece imune a qualquer falha: se todas as pessoas forem examinadas preventivamente para cada doença, essas condições seriam detectadas, tratadas e pronto - muitas vidas seriam salvas.
Mas não necessariamente, garante o Dr. Ioannidis.
"A triagem para doenças que podem levar à morte normalmente não prolonga a vida substancialmente; uns poucos exames preventivos poderão evitar algumas mortes causadas pela doença sendo rastreada, mas mesmo assim, é difícil documentar uma melhoria na sobrevida global", diz Ioannidis.
A equipe analisou se o rastreamento evita a morte em 19 doenças, com 39 exames diferentes, procurando evidências de estudos controlados e randomizados e de meta-análises que combinam os resultados desses estudos. Todos os pacientes eram assintomáticos quando examinados.
Os pesquisadores constataram que a mortalidade pelas doenças rastreadas caiu nos seguintes casos: ultra-som para aneurisma da aorta abdominal em homens, mamografia para câncer de mama e exame de sangue oculto nas fezes e sigmoidoscopia flexível para o câncer colorretal.
Mas nenhum outro exame reduziu o número de mortes causadas pelas doenças que buscavam, acrescenta a equipe.
Exames precisam ser examinados
Segundo os pesquisadores, os exames podem não ser capazes de detectar com precisão suficiente os estágios iniciais das doenças, ou talvez não haja tratamentos disponíveis capazes de salvar a vida das pessoas que têm cada uma das doenças rastreadas.
O Dr. Ioannidis reconhece que a triagem pode diminuir outros efeitos das doenças que não a morte. Mas, em geral, poucos testes de triagem entre os muitos novos exames que estão sendo propostos são submetidos a um ensaio clínico randomizado antes de serem introduzidos, disse o pesquisador.
"Isso é lamentável. Todos os testes de rastreio deviam ser avaliados com ensaios clínicos randomizados rigorosos. Eu não vejo nenhuma alternativa para provar que eles valem a pena serem adotados em grandes populações", concluiu o pesquisador.
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