05/04/2018

Estresse e compulsão alimentar podem começar na primeira infância

Redação do Diário da Saúde
Estresse e compulsão alimentar podem começar na primeira infância
Nos ambientes menos socialmente críticos, a preocupação tem sido com a regulamentação da publicidade de alimentos para crianças.
[Imagem: Marcello Casal JR/ABr]

Emoções e alimentação

A conexão entre as emoções e a alimentação já está bem estabelecida, mas parece que ela começa mais cedo do que se imaginava.

Crianças de apenas 4 anos de idade que experimentam estresse comem mais mesmo sem fome, dando início a um ciclo que pode significar quilos extras ao longo da vida.

Pesquisadores acompanharam 207 crianças de baixa renda - mais suscetíveis a situações estressantes - entre 2009 e 2015, registraram exposições ao estresse e observaram seus comportamentos alimentares.

"Detectamos pequenos aumentos nos comportamentos alimentares ao longo do tempo, relacionados ao estresse durante o período de idade entre 4 e 7 anos de idade. O que é importante é que as crianças que comem com exagero assim desde muito cedo, na infância, têm um risco maior de ganhar peso ao longo da vida, aumentando o risco de problemas para a saúde," disse Alison Miller, professora de Educação e Comportamento da Saúde, da Universidade de Michigan (EUA).

Estresse infantil

O estresse da vida na infância foi definido como ambientes domésticos caóticos e a exposição a outros eventos negativos da vida, como testemunhar violência e trauma ou sofrer privação material.

As crianças que vivem na pobreza, por exemplo, são extremamente vulneráveis à exposição à violência, à escassez de alimentos e à preocupação com recursos limitados. Esses estresses podem resultar em efeitos neurobiológicos, cognitivos, sociais, emocionais, comportamentais e de saúde física.

"Observamos que as crianças que tiveram níveis mais altos de estresse comeram mais, mesmo sem fome, conforme relato dos pais," disse Miller. "É muito importante focarmos em um padrão de consumo alimentar como um mecanismo de enfrentamento do estresse em crianças pequenas."

A pesquisadora defende que a resposta da saúde pública deve ser a detecção desses riscos durante as consultas de saúde logo no início da vida, a abordagem de questões comunitárias como a escassez de alimentos, o incentivo à atividade física, o apoio dos pais na promoção de hábitos saudáveis e trabalhar para melhorar as habilidades de regulação do estresse durante a infância.

"Uma maneira de fazer isso é ensinar maneiras de enfrentamento, de autocontrole e de como manter a calma, para interromper o vínculo entre experiências estressantes e comportamentos de saúde inadequados," disse ela.

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