Transtorno Depressivo Maior
O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Universitário (HU) da USP está avaliando o uso da estimulação transcraniana por uma corrente elétrica para tratar o Transtorno Depressivo Maior.
O protocolo de pesquisa está analisando 120 pessoas com depressão moderada, depressão grave e depressão muito grave, utilizando ou não medicamentos.
O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado pelo estado psíquico com humor deprimido, que prejudica as atividades profissionais e de lazer, levando à incapacidade de trabalhar e de se divertir, tanto por falta de prazer, quanto por falta de energia.
Incapacidade pela depressão
A depressão é uma causa comum de incapacitação funcional.
"As pessoas deprimidas apresentam alterações no padrão de sono e do apetite (muito ou pouco) e do pensamento (pensamentos de culpa, pessimista e de morte). Pessoas muito deprimidas também podem sofrer de dores crônicas e de distúrbios ansiosos", explica o psiquiatra André Russowsky Brunoni, um dos responsáveis pelo projeto.
"Nossa pesquisa se assemelha a outras já realizadas nos EUA, Itália, Alemanha e mesmo no Brasil. De maneira geral, estas pesquisas mostraram uma eficácia deste tratamento, o que anima novos estudos. Por outro lado, deve-se ressaltar que todos estes estudos foram em pequenos grupos e que as suas conclusões não são necessariamente aplicáveis na nossa população", destaca Brunoni.
Energia contra a depressão
O procedimento utilizado durante a pesquisa é bastante simples. No paciente sentado ou deitado são colocados eletrodos, envolvidos em esponjas com soro fisiológico na região frontal da cabeça.
Os eletrodos são ligados a uma fonte de energia que emite uma baixa tensão em corrente contínua, que não chega a incomodar.
A estimulação é indolor e não apresenta efeitos colaterais, nem de curto, nem de longo prazo. "A estimulação dura cerca de 30 minutos e deve ser aplicada consecutivamente por 10 dias úteis, aproximadamente duas semanas."
Efeitos colaterais dos antidepressivos
Atualmente o tratamento da depressão é feito com o uso de antidepressivos, que podem causar diversos efeitos colaterais, como disfunção erétil, ganho de peso, sonolência, náuseas e vômitos, diarreia ou prisão de ventre, entre outros.
"Estudos mostram que cerca da metade dos pacientes abandonam o tratamento em um ano devido aos efeitos colaterais. Além disso, um em cada três pacientes continua deprimido mesmo depois de tomar adequadamente mais de quatro antidepressivos."
Vários estudos tentam descobrir porque os antidepressivos não funcionam para algumas pessoas, enquanto outros concluíram que os antidepressivos não funcionam por tratarem o estresse e não a própria depressão.
Um dos objetivos da pesquisa é mostrar que o tratamento da estimulação funciona no mínimo tão bem quanto o antidepressivo.
"Podemos esperar que no futuro a estimulação transcraniana seja oferecida para aquelas pessoas que não toleram antidepressivos devido aos efeitos colaterais, para pessoas que não podem tomá-los, como as gestantes, ou ainda para pessoas que estejam em uma depressão muito grave e que possam receber tratamento combinado de estimulação e medicação", conclui o pesquisador.
Aceitam-se candidatos
O Centro de Pesquisas Clínicas do HU está selecionando candidatos para participar da pesquisa. Os interessados devem ter idade entre 18 e 65 anos, ser portador de depressão sintomática (ou seja, no mínimo depressão atual moderada ou grave) e podem estar usando antidepressivos atualmente.
Todos serão avaliados para confirmação do diagnóstico de depressão. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail pesquisacientificahu@gmail.com ou pelos telefones (11)3091-9241 (Roberta), das 8 às 16 horas.
Os resultados finais da pesquisa estão previstos para serem divulgados em 2011.
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