16/12/2016

Esqueça a dieta: Treine seu cérebro

Redação do Diário da Saúde
Esqueça a dieta: Treine seu cérebro
A teoria da Dra. Selena Bartlett segue a linha mais ortodoxa das neurociências, onde o cérebro parece ser um elemento dominante e controlador.
[Imagem: QUT]

Cérebro com vontade própria

Uma neurocientista conhecida por suas pesquisas sobre dependência de álcool e de açúcar está defendendo que a capacidade intelectual, e não exatamente a força de vontade, é a chave para viver de forma saudável e evitar o ganho descontrolado de peso.

"Nosso cérebro responde ao estresse de uma maneira primitiva, mas é possível ignorá-lo.

"Há evidência esmagadora de que, para muitas pessoas que tentam perder peso através de dietas, elas rapidamente recuperam o peso. As dietas podem, de fato, nos tornar mais gordos e mais estressados. Isto acontece porque nós ignoramos nosso cérebro, que dirige silenciosamente nosso comportamento como se ainda fôssemos seres humanos ancestrais vivendo em condições pré-históricas.

"O mesmo se aplica aos comportamentos viciantes. Quando nós estamos estressados, nosso cérebro procura prazer, e este é o problema," defende a professora Selena Bartlett, da Universidade de Tecnologia de Queensland (Austrália).

Cérebro independente

A teoria é controversa, por deixar de lado qualquer referência à mente ou aos aspectos emocionais. Como é comum no campo das neurociências, a teoria de Bartlett é que a resposta para tudo está no "cérebro" - é como se cada pessoa tivesse uma entidade separada que a controlasse, uma entidade chamada cérebro, que quase parece ter uma consciência autônoma.

Nessa linha, Bartlett defende que "o cérebro desenvolveu-se em complexidade conforme os seres humanos evoluíam", e isso teria ocorrido em três seções distintas - sobrevivência, emocional e racional.

"A seção sobrevivência do cérebro controla nossos batimentos cardíacos, nossa respiração e nos mantém vivos. A seção emocional, em particular a amígdala, nos protege do perigo instigando uma resposta de 'lutar ou fugir', enquanto a seção racional dirige nossas funções como controle dos impulsos, planejamento e tomada de decisão.

"No atual mundo estressante de trabalho, finanças, relacionamentos, cuidar dos filhos e de outras responsabilidades, o corpo libera hormônios do estresse, como o cortisol. Ao longo do tempo, os hormônios do estresse reduzem significativamente o número de sinapses no cérebro. Isto, por sua vez, impacta nosso cérebro racional e pode reduzir nosso controle dos impulsos.

Esqueça a dieta: Treine seu cérebro
"Seja compreensivo com seu cérebro - ele é um órgão ancestral maravilhoso".
[Imagem: Selena Bartlett/Divulgação]

"Para se contrapor aos danos causados pelos hormônios do estresse, a parte antiga e emocional do nosso cérebro nos leva a buscar prazer. Quando experimentamos prazer, nosso corpo é inundado com hormônios como a dopamina, serotonina e endorfinas. Estas se ligam a receptores no cérebro e reduzem o efeito prejudicial dos hormônios do estresse. Assim, quanto mais estresse você experimenta, mais seu cérebro procura prazer para contrabalançá-lo.

"Quando nosso primitivo cérebro demanda uma experiência agradável, é comum buscarmos o álcool, doces e alimentos como conforto. Isto é um problema por duas razões - eles são ricos em calorias, levando ao ganho de peso, e eles são viciantes," defende a neurocientista.

Como lidar com seu cérebro

A professora Bartlett prossegue afirmando que suas pesquisas mais recentes mostram que o açúcar aumenta um neuroquímico que se liga aos receptores nicotínicos no cérebro da mesma forma que o álcool e a nicotina. Esta também é uma ideia controversa, com outros pesquisadores reconhecendo que comer vicia, mas açúcar e gordura não são drogas. Para a professora Bartlett, contudo, o consumo regular de açúcar, álcool e nicotina alteram o cérebro, levando à necessidade de consumir cada vez mais para sentir o mesmo nível de prazer.

"Assim como o álcool e a nicotina, uma diminuição súbita no consumo de açúcar vai levar a sintomas de abstinência e vícios. Para superar isso precisamos neutralizar o cérebro primitivo. Quando o cérebro racional está no comando, a perda de peso sustentável é possível," afirma ela.

E a neurocientista lista algumas técnicas para que as pessoas possam encarar seus próprios cérebros e "desafiar suas programações ancestrais":

  • 1.

    "Seja compreensivo com seu cérebro - ele é um órgão ancestral maravilhoso, que pode ser gravemente danificado pelo estresse, especialmente na infância, enquanto ele está se desenvolvendo".

  • 2.

    "Conheça seu cérebro - uma consciência de como a primitiva amígdala dirige seu comportamento é fundamental para substituir os impulsos não saudáveis."

  • 3.

    "Identifique quando sua amígdala está tomando conta ou quando você está tendo um momento de busca inconsciente de prazer - em situações estressantes, reconhecer quando você é de repente tomado pelo desejo de comer alimentos por conforto, fumar ou beber álcool."

  • 4.

    "Substitua alimentos e álcool por um movimento - respiração profunda, alongamento, caminhada, corrida... qualquer movimento com que você se sinta bem."

  • 5.

    "Reduza o consumo de açúcar e álcool e aumente os exercícios cardiovasculares e de alta intensidade - eles irão ajudar a curar o seu cérebro dos danos induzidos pelo estresse e construir um corpo forte e saudável."

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