Decisões na era da informação
As pessoas parecem não estar nem aí para a Era da Informação: Elas consomem muito menos informação do que o esperado - do que elas próprias esperam - antes de fazer julgamentos e decisões.
Seja para comprar um carro novo, contratar um candidato a emprego ou se casar, as pessoas avaliam que dispõem e que vão usar muitas informações. Mas, na hora H, elas simplesmente não usam tais informações.
"O principal insight revelado por nossa pesquisa é que é difícil entender com antecedência o que é o que - as pessoas geralmente pensam que ter mais informações será melhor, mesmo quando essas informações adicionais simplesmente não são utilizadas," explica Ed O'Brien, professor da Universidade de Chicago (EUA).
Pressa para julgar
Com aparentemente todas as informações disponíveis, na chamada era da internet as pessoas podem acreditar que a troca dessas informações favorece opiniões e perspectivas mais bem informadas.
O que o estudo mostrou é que, na realidade, as pessoas continuam fazendo julgamentos precipitados sem nem mesmo tomarem consciência disso.
Em uma série de sete experimentos, os participantes supervalorizaram testes de longo prazo de produtos, pagaram em excesso por mais acesso à informação e trabalharam demais para impressionar os outros, deixando de perceber que as informações extras não seriam usadas em seus julgamentos.
"Em nossos experimentos, os participantes pensaram que iriam retardar o julgamento e esperar por muitas evidências antes de se decidirem, mas, na realidade, eles julgaram exatamente quando as evidências estavam chegando," disse O'Brien. "As pessoas podem pensar que muita informação acessível será útil para informar opiniões e mudar as mentes dos outros, sem perceber que as ideias serão formadas quase imediatamente."
Era da desinformação
Os dados também sugerem uma lacuna entre os que buscam informações e os provedores de informações.
"Por exemplo, as pessoas que vão à internet para pesquisar um tópico ou participar de um debate acessam apenas uma pequena fração do que está disponível antes de tomar uma decisão, enquanto os provedores dessas informações assumem que os buscadores estão recebendo todas as informações e os 'ouvem alto e claro'," escrevem os pesquisadores.
Mas os voluntários acessam poucas fontes de informações e sequer as leem completamente.
"Essa discrepância na percepção versus uso real da informação revela um viés psicológico geral que tem relevância particular na atual era da informação. Presumivelmente, espera-se que o fácil acesso a informações abundantes fomente opiniões e perspectivas uniformemente mais informadas. A presente pesquisa sugere que o simples acesso não é suficiente: mesmo depois de pagar os custos para adquirir e compartilhar cada vez mais informações, as pessoas não vão adiante e não as incorporam em seus julgamentos," conclui a equipe em seu artigo, publicado na revista PNAS.
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