Como conversar sobre câncer
Conversar com alguém sobre câncer é delicado e pode ser constrangedor, sobretudo quando se trata de uma pessoa que está diagnosticada com a doença.
Para ajudar nessas conversas difíceis, mas necessárias, pesquisadores desenvolveram o primeiro manual de expressões que descrevem o câncer. O "Menu de Metáforas" lista metáforas que ajudam, mas a pesquisa revelou também algumas que não devem ser usadas.
Os pesquisadores enfatizam que não deve haver uma "proibição geral" de certas metáforas - os pacientes devem ser incentivados a usar aquelas que melhor lhes convierem.
Por exemplo, o trabalho recomenda que os médicos e a mídia evitem retratar o câncer como uma batalha - e qualquer outra expressão relacionada à violência - porque isso pode desencorajar os pacientes em estado terminal e fazê-los sentir-se piores. Música e viagens difíceis estão entre os temas mais empoderadores.
"Nosso estudo mostra que as metáforas são úteis quando se fala em câncer," disse a professora Elena Semino, da Universidade de Lancaster (Reino Unido). "Mas cada uma serve para pessoas diferentes, ou para a mesma pessoa em momentos diferentes. Descrever alguém como 'lutador' pode ser perturbador para alguns pacientes, mas fortalecedor para outros. Nosso menu estimulará novas formas criativas de falar sobre o câncer".
A lista é direcionada para pacientes, familiares e médicos e oferece uma variedade de citações e expressões diferentes para pessoas em todas as fases da doença.
Aventura em um parque de diversões
Imagine um pouco como um passeio assustador em um parque de diversões - pode ser assustador em alguns lugares, mas o brinquedo acabará parando e você poderá sair. Seja forte, seja corajoso e estaremos aqui para segurar sua mão, se você precisar.
Minha jornada com o câncer pode não ser tranquila, mas certamente me faz olhar adiante e observar o cenário!
Algumas jornadas com câncer serão mais longas e outras mais curtas, mas o que mais importa é como caminhamos nessa jornada.
O câncer é uma jornada difícil, com muitas reviravoltas. Não há duas pessoas que seguem exatamente a mesma rota. É como dirigir uma carruagem puxada por cavalos sem as rodas traseiras. É útil parar ocasionalmente, descansar os cavalos e revisar a situação com alguém próximo de você.
É mais fácil lidar com as pedras no nosso caminho quando estamos todos juntos. As melhores pessoas para ajudá-lo são aquelas que estiveram lá antes de você ou estão indo para lá com você.
Eu comparo a vida após o diagnóstico do câncer a andar com uma pedra no sapato. Se você deixar a pedra sob a sola do pé, dói toda vez que você dá um passo e é difícil avançar. Mas se você puder ajeitar a pedra para que ela fique entre os dedos do pé, ela ainda estará lá, mas você poderá andar na linha fina da vida sem se machucar.
Não pretendo desistir; não pretendo ceder. Não, eu quero lutar contra isso. Não quero que ele me vença, quero vencê-lo.
Eu respeito o câncer e nunca subestimo o poder que ele tem, mas, se você puder enfrentá-lo e acertá-lo pelas costas, terá uma boa chance de vencê-lo por mais um tempo.
Ter câncer não é uma luta, mas um relacionamento em que sou forçado a viver com a minha doença dia após dia. Alguns dias, o câncer está em vantagem, em outros eu estou melhor.
"Batalha" sugere que eu ganho ou o câncer ganha. Penso nisso mais como "trabalhar com câncer". Para mim, visto dessa maneira mais cotidiana, o câncer se torna mais fácil de lidar.
Você luta contra esta doença terrível e sem rosto que invadiu todas as partes de você. Você se levanta e diz: "Não, isso não é tudo o que existe para mim". Você revida, assume o controle das coisas que lhe restam. E mesmo quando você se importa, você se força a sair da cama e seguir em frente.
O câncer faz parte de mim, a cura para o câncer é aceitá-lo, curar é convencer as células cancerígenas a cantar em sintonia com o resto do corpo.
Para mim, o câncer chegou como um hóspede indesejável, estacionando na sala dos fundos e exigindo atenção. Tentei ser um anfitrião cortês, embora pouco disposto, até que chegou a hora de convidar meu câncer para partir. Ele deixou o lugar um pouco confuso, e estou consciente de que ele levou a chave. Ainda assim, espero que, no devido tempo, tudo o que me resta seja a rica memória do tempo gasto com um estranho que nunca esperava encontrar.
Inicialmente, o câncer parece uma invasão alienígena. É como se você quisesse tirar seu corpo e conseguir um novo. Então, com o tempo, você "se conecta" a ele de alguma forma.
O câncer me faz apreciar tudo um pouco mais. As experiências cotidianas, antes normais, assumem subitamente um novo valor.
O tecido canceroso é como um jardim coberto de ervas daninhas. O herbicida também danifica as plantas saudáveis, mas você espera que elas voltem a crescer.
Minha maneira de lidar com o meu diagnóstico é "curvar-se com o vento".
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