Convencendo o consumidor
Uma rosa com qualquer outro nome irá ter um cheiro tão agradável como antes, mas um biscoito de chocolate rotulado como "Ao gosto do consumidor" não terá um sabor tão bom quanto se o mesmo produto for descrito como "Novo e aprimorado".
Em um experimento, pesquisadores rotularam bolachas salgadas e biscoitos de chocolate idênticos como "Novos e aprimorados", "Original" ou "Conforme pedido pelo consumidor", e então pediram aos participantes que provassem as amostras dos alimentos e julgassem cada uma quanto à simpatia, frescor e uma variedade de outras qualidades.
Os biscoitos e bolachas rotulados como "Conforme pedido pelo consumidor" receberam classificações gerais significativamente mais baixas do que as amostras rotuladas como "Novos e aprimorados". Isso valeu tanto para os salgados - um exemplo neutro - quanto para os biscoitos doces, que os pesquisadores consideram um alimento inerentemente positivo.
"Nós tivemos tanto vieses negativos quanto positivos - mas o viés negativo foi muito maior. Esse contexto negativo teve mais impacto do que dizer 'Novo e melhorado' teve na geração de melhores classificações," detalhou o professor Christopher Simons, da Universidade do Estado de Ohio (EUA). "Por um lado, não é surpreendente. Por outro lado, o grau do impacto foi realmente surpreendente."
Cuidar do negativo antes do positivo
Estima-se que 70 a 80% dos novos produtos alimentícios colocados pelas empresas no mercado falham, mesmo quando os testes prévios com consumidores sugerem que eles devem ser bem-sucedidos, o que é um sinal de que os métodos usados para aferir o gosto de um cliente em potencial podem precisar de uma atualização.
"Uma coisa que realmente nos interessa é tentar entender melhor e ser capaz de prever o comportamento do consumidor," disse Simons. "Atualmente, as empresas usam seres humanos como instrumento para entender melhor as propriedades sensoriais dos alimentos e como eles capturam a preferência [do consumidor]. Estamos tentando entender esse instrumento para que possamos construir um melhor, que possa ajudar a reduzir falhas de produtos e ajudar as empresas a fornecer produtos que as pessoas realmente queiram."
Assim, em vez de otimizar atributos positivos para uma nova ideia de produto, a equipe se voltou para desvendar o que os clientes percebem como negativo ou positivo.
O curioso é que, segundo a pesquisa, o melhor a fazer não é melhorar o produto, segundo o gosto do consumidor, mas eliminar coisas de que ele não gosta. Ou fazê-lo acreditar que o produto é novo e melhor, diferente daquilo com que ele está acostumado.
"Se as pessoas forem mais sensíveis a esses detalhes, podemos usar isso a nosso favor no que se refere à comida," disse o pesquisador. "Você ganha mais dinheiro removendo coisas que as pessoas acham negativas do que otimizando os atributos positivos. Cuide dos negativos primeiro e você provavelmente terá um produto mais bem-sucedido."
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Consumo Responsável | Alimentação e Nutrição | Ética | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.