Bactérias-espelho
Um grande grupo de cientistas, de várias instituições de vários países, veio a público para tentar parar a criação em laboratório de formas de vida compostas por moléculas biológicas espelhadas, também conhecidas como "vida espelhada".
Os autores da petição afirmam que a criação de tais formas de vida é perigosa porque elas poderiam escapar dos laboratórios e não serem detectadas pelos mecanismos imunológicos das outras formas de vida, incluindo os humanos.
A marca registrada dos organismos-espelho é a quiralidade reversa, uma característica que os torna resistentes às formas normais de degradação biológica. Isso também pode torná-los úteis para aplicações como terapias de longa duração, mas o grupo de cientistas acredita que não vale a pena o risco.
Embora estes organismos nunca tenham sido observados na natureza, e a capacidade de os criar esteja provavelmente a pelo menos uma década de distância, exigindo investimentos e avanços técnicos, agora é o momento, dizem os autores, de considerar e antecipar os riscos de prosseguir nessa linha de pesquisa.
A equipe - um grupo interdisciplinar de cientistas, incluindo alguns que já consideraram a criação da vida espelhada como um objetivo aspiracional a longo prazo - apelam para uma discussão mais ampla entre a comunidade global de ciências, os decisores políticos, os financiadores das pesquisas, a indústria, a sociedade civil e o público, para traçar um caminho apropriado a seguir.
A análise detalhada sobre a vida espelhada que o documento apresenta é talvez a avaliação mais abrangente já feita até hoje do assunto. Os pesquisadores avaliam qualitativamente a viabilidade e os riscos da criação de bactérias-espelho, considerando fatores que incluem a natureza, magnitude e probabilidade de danos potenciais, a facilidade de uso indevido acidental ou deliberado e a eficácia de possíveis contramedidas.
Vida espelhada
Os autores concentram-se nas bactérias-espelho nesta análise, mas observam que muitas das considerações também podem ser aplicadas a outras formas de vida-espelho.
Entre as preocupações, a análise sugere que as bactérias-espelho provavelmente escapariam de muitos mecanismos imunológicos, causando potencialmente infecções letais em humanos, animais e plantas. É provável que essas bactérias evitem a predação de fagos e muitos outros predadores, facilitando sua propagação no meio ambiente.
Os autores explicam que, embora inicialmente estivessem céticos de que as bactérias-espelho pudessem representar riscos tão importantes, desde então ficaram profundamente preocupados, por isso decidiram apelar a um exame mais minucioso das suas conclusões e a mais pesquisas para melhorar a compreensão desses riscos.
No entanto, observam eles, na ausência de provas convincentes que possam ser demonstradas para se contrapor às suas preocupações, a sua opinião é que bactérias-espelho e outros organismos-espelho não devem ser criados.
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