Tenofovir genérico
Mais uma aposta na produção nacional de medicamentos para a AIDS e as hepatites acaba de se concretizar.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro de comercialização da versão genérica do tenofovir para o laboratório oficial Fundação Ezequiel Dias (Funed - Governo do Estado de Minas Gerais).
Atualmente, cerca de 64 mil pacientes de AIDS e 1,5 mil de hepatites fazem uso do tenofovir no país.
Nacionalização de medicamentos
Com a autorização, nove milhões de comprimidos começarão a ser produzidos a partir da próxima semana, o que representará uma economia de aproximadamente R$ 410 milhões ao país no decorrer de cinco anos (até 2015).
Essa produção tornou-se uma realidade em função de uma parceria público-privada para nacionalização da produção de medicamentos, viabilizada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde.
O primeiro lote nacional do tenofovir estará disponível para os pacientes no final de março.
Com o início da fabricação, 10 dos 20 medicamentos antirretrovirais fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) passam a ser fabricados no Brasil, diminuindo em cerca de 47% os custos com a importação do medicamento (até 2015) e fortalecendo a autonomia do país na produção de fármacos.
A concessão também comprova a capacidade técnica de produção nacional e reafirma o compromisso com a sustentabilidade do tratamento para as duas doenças.
"Além de disponibilizar o medicamento para as pessoas que vivem com AIDS e hepatites, fica garantida a oferta a longo prazo, contribuindo para diminuir a dependência externa", enfatiza o diretor do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco.
Conquista nacional
Em 2010, foram investidos R$ 577,6 milhões na aquisição de antirretrovirais importados e R$ 224,9 milhões na fabricação dos nacionais.
Mesmo incluindo o investimento com incorporação da tecnologia, o preço inicial do tenofovir nacional será o mesmo pago pelo SUS na última aquisição internacional: R$ 4,02. Até o final de 2011, a Funed entregará ao Ministério da Saúde, em quatro etapas, 36 milhões de comprimidos.
A produção do tenofovir no Brasil é uma conquista do governo e da sociedade civil. O Instituto de Tecnologia de Fármacos (Farmanguinhos) e a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) entraram com um processo no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) argumentando que não havia atividade inventiva no medicamento.
Em 2008, o Ministério da Saúde declarou interesse público do tenofovir, para fins de análise do pedido (Portaria nº 681/2008). Em junho do mesmo ano, o pedido de patente foi indeferido. A partir daí, o Brasil começou a investir na produção nacional do medicamento e o produto foi aprovado em todas as etapas de qualidade determinadas pela Anvisa.
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