12/08/2022

Descoberta ação de bactéria do intestino no Alzheimer - e como evitar isso

Redação do Diário da Saúde
Bactéria intestino Alzheimer ingerir fibras
A toxina atravessa a barreira hematoencefálica através do sistema circulatório.
[Imagem: Aileen I. Pogue et al. - 10.3389/fneur.2022.900048]

Bactéria no intestino induzindo Alzheimer

Pesquisadores descobriram uma via que começa no intestino e termina com uma potente toxina pró-inflamatória nas células cerebrais, contribuindo para o desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Uma notícia ainda melhor é que eles também descobriram uma maneira simples de evitar que isso aconteça.

Esta é mais uma descoberta em um campo de pesquisas recente, que nasceu com a descoberta de que a microbiota intestinal pode influenciar no desenvolvimento e na progressão de distúrbios neurodegenerativos, incluindo Alzheimer e Parkinson.

A comunicação cérebro-intestino é tão importante que os cientistas já falam de um sistema nervoso entérico e até começaram a mapear os neurônios desse "cérebro abdominal".

A novidade agora é a descoberta de uma molécula contendo uma neurotoxina muito potente (um lipopolissacarídeo, ou LPS) derivada das bactérias gram-negativa Bacteroides fragilis (BF) presentes no trato gastrointestinal humano, gera uma neurotoxina, que a equipe chamou de BF-LPS.

"Os LPSs em geral são provavelmente os mais potentes glicolipídios neurotóxicos pró-inflamatórios derivados de micróbios que se conhece," disse o Dr. Walter Lukiw, da Universidade do Estado da Louisiana (EUA). "Muitos laboratórios, incluindo o nosso, detectaram diferentes formas de LPS dentro dos neurônios do cérebro humano afetado pela doença de Alzheimer."

Coma fibras

A equipe conseguiu traçar toda a rota da BF-LPS do intestino para o cérebro, e os seus mecanismos de ação uma vez que chegam lá.

A toxina atravessa a barreira hematoencefálica através do sistema circulatório e acessa os compartimentos cerebrais, onde aumenta a inflamação nos neurônios e inibe um neurofilamento específico do neurônio (NF-L), uma proteína que suporta a integridade celular. Um déficit dessa proteína leva à atrofia celular neuronal progressiva e, finalmente, à morte celular, como é observado nos neurônios afetados pelo Alzheimer.

A boa notícia é que uma ingestão regular de fibras pode evitar todo esse processo.

"Abordagens baseadas na dieta para equilibrar os microrganismos no microbioma podem ser um meio atraente para modificar a abundância, especiação e complexidade das formas enterotoxigênicas de micróbios relevantes para a doença de Alzheimer e seu potencial para a descarga patológica [no cérebro] de secreções derivadas de microrganismos altamente neurotóxicas, que incluem BF -LPS e outras formas de LPS," disse Lukiw.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Downregulation of Neurofilament Light Chain Expression in Human Neuronal-Glial Cell Co-Cultures by a Microbiome-Derived Lipopolysaccharide-Induced miRNA-30b-5p
Autores: Aileen I. Pogue, Vivian R. Jaber, Nathan M. Sharfman, Yuhai Zhao, Walter J. Lukiw
Publicação: Frontiers in Neurology
Vol.: 13
DOI: 10.3389/fneur.2022.900048
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